Assim é Edmilson Batista Campos, ou melhor, Bião de Canudos, o cantador das terras que um dia foram pisadas por ninguém menos do que Antônio Conselheiro, o líder messiânico de Belo Monte, que hoje se chama Canudos e empresta o nome a este artista original.
Quem vê Bião nem imagina que nele está a essência da poesia conselheirista, orgulho dos conterrâneos mais novos e referência para os mais velhos. “Quando vejo ele cantar, eu me acalmo e mato a saudade da minha terra. Suas músicas me remetem ao mundo que vivi e que nunca vou esquecer”, diz uma jovem canudense, que certamente faz parte do fã clube do artista.
Baião de Canudos pode não ser um artista consagrado nacionalmente, mas, nas cercanias do sertão, ele é mais ele. Com três CDs gravados, já se prepara para voos mais altos. “Tô querendo gravar um DVD agora, daqui pro final do ano”, projeta.
No último sábado (16), Bião se apresentou durante o 1º Encontro Canudense, realizado em Salvador. Além dos conterrâneos, o artista encantou pesquisadores, intelectuais e professores que compareceram ao evento. O cineasta Antônio Olavo e os professores da Uneb, Sergio Guerra e Roberto Dantas, não pouparam elogios. “É um rapaz humilde, mas de muito talento”, sintetizou Olavo.
História e prêmios
O terceiro CD do artista, “Matuto do Cocorobó”, bem explica como é este filho do sertão. Com um trabalho regional, misturado com o forró pé de serra, Bião de Canudos é nome certo nas festas juninas de Uauá, Canudos, Monte Santo e Euclides a Cunha. No inicio do próximo mês de junho, ele participa da tradicional Vaquejada de Canudos.
Casado e pai de 4 filhos – “são dois casais”, faz questão de explicar-, Bião de Canudos revela que não pretende largar o seu torrão para construir carreira em um grande centro. “Penso não. Eu quero fazer os meus shows a sempre retornar. Lá é o meu cantinho sagrado”, diz o artista, demonstrando todo o seu enraizamento.
Cursando o 2º ano do ensino médio, em Canudos, Bião pôde participar, em novembro de 2010, do Festival Anual da Canção Estudantil, quando concorreu com a canção “Realidade” e tirou o primeiro lugar.
“Foi bom. Ganhei o festival e depois tive de viajar para São Paulo no outro dia para participar do encontro dos filhos de Canudos, lá”, conta. “Mas tive que voltar logo, porque tinha deixado umas entrevistas na televisão para gravar”, acrescenta, colhendo os frutos da conquista.
Por Evandro Matos – Especial para o Interior da Bahia