O sargento foi encontrado morto na manhã de quarta-feira (28) ao lado de dois colegas de repartição, em Feira de Santana.
Durante o sepultamento, na manhã de sexta-feira (30), o soldado Edianari de Almeida Santos, um dos diretores da Associação de Policiais e Bombeiros de Feira de Santana (Aspra), contou que Novais reunia documentos para impetrar uma ação no Ministério Público para provar que não tinha envolvimento com a suposta corrupção na Ciretran.
Segundo Edianari, Novais comentou que outros funcionários o pressionavam a tal ponto que o obrigava a provar sua inocência. “Ele chegou a me apresentar documentos que seriam levados ao Ministério Público”, disse Edianari, sem detalhar o conteúdo dos papéis.
Disputa política
O diretor da Aspra afirmou também que, além da força-tarefa que apurava fraudes na Ciretran, outra questão serve como pano de fundo da tragédia: a briga política pelo cargo do sargento. Edianari diz que a exoneração temporária de Novais, em junho, tem a ver com um correligionário do PT, conhecido como Tinga, que assumiu seu posto.
“O Tinga queria tomar o cargo dele e conseguiu por quase dois meses. Depois mexeram os pauzinhos e tudo voltou atrás”, explicou Edianari, que ratifica a fama de homem idôneo do sargento. “Não aceitava suborno ou propina. Deixou um legado de ética”, afirma. Outro amigo de Novais, que preferiu não revelar o nome, também notou a apreensão do sargento.
“Ele estava receoso de que, mesmo inocente, sua imagem e seu nome fossem maculados. O setor dele estava no centro das investigações e dos casos de corrupção. Daqui a que se explicasse que Chico não é Francisco…”.
Crime
Em um crime cercado de mistérios, o sargento Novais, 47 anos, foi encontrado morto dentro de um carro, no bairro do Tomba, ao lado dos corpos de Luís Eugênio Teixeira dos Santos, 57, e Maria das Graças Costa Veiga, 58, ambos examinadores de provas. A polícia está convicta de que Novais atirou nos colegas e se matou.
O crime ocorreu durante investigação realizada por uma força-tarefa que há mais de 25 dias atua na própria Ciretran para apurar denúncias sobre facilitação de provas de habilitação em testes de rua.
Comoção
Independente da motivação da sua morte, Novais mostrou que era bem querido. Em um impressionante clima de comoção, o corpo foi levado numa carreata que congestionou o trânsito até o cemitério São João Batista.
Além da família, policiais fardados choravam a morte do colega e amigo. Alguns deles ainda contestavam a versão de suicídio. “Novais fazia cumprir a lei. E isso incomoda. Não acredito que ele se matou”, disse o capitão Jorge Nunes, do comando de policiamento de Feira.
Emocionada, a mulher de Amarildo não falou com a imprensa. “A seriedade e rigor com que meu pai tratava o trabalho, ele acabou passando para a família”, resumiu o filho Mike Novais. Informações e foto do Correio.
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