O cabo da Polícia Militar da Bahia, Francisco de Assis Araújo Melo, foi demitido da corporação. Ele está preso desde o início de novembro, após ser alvo da “Operação Puritas”, deflagrada pela Polícia Federal e que investigou grupo suspeito de tráfico interestadual de drogas. O Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que o policial respondia, porém, era relativo a outra situação. Nela, o PM foi flagrado com dinheiro em espécie, munições e armas, no Ceará.
A decisão foi assinada pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, no final de 2024. De acordo com a denúncia, no ano de 2022, o carro em que Francisco estava foi parado pela Polícia Rodoviária Federal em Icó. Durante as buscas, foi achada uma mala com R$ 704 mil, além de duas pistolas, carregadores e até munição de fuzil. Francisco chegou a afirmar que o dinheiro seria proveniente de uma venda de gado, mas nunca comprovou.
Durante depoimento, o cabo da PM afirmou que pegou o dinheiro em Fortaleza, e que entregaria em Feira de Santana. Sustentou ainda que não sabia o que tinha dentro da mala e chegou a dizer aos policiais rodoviários que tinha amigos da corporação, na tentativa de não ser preso.
No decorrer do PAD, os advogados do PM alegaram ausência de dolo e bons antecedentes funcionais. “Não é razoável imaginar que um policial militar, ocupante do cargo de cabo da PMBA, realize o transporte interestadual de aproximadamente R$ 700.000,00 em espécie eivado de tamanha ingenuidade a ponto de desconhecer o que levava consigo, sem mesmo acessar o conteúdo transportado”, escreveu a comissão responsável por apurar o caso.
Foi determinante para a demissão, ainda, a investigação da Polícia Civil do Ceará, que teria constatado “veementes indícios de prática delitiva destinada ao garimpo ilegal”.
Operação – Francisco foi um dos 15 presos da ação, deflagrada no dia 7 de novembro na Bahia, Rondônia, Ceará, Distrito Federal, Pará, Rio Grande do Norte e São Paulo. De acordo com as investigações, policiais rodoviários federais, além de policiais militares da Bahia e Rondônia, eram responsáveis pelo transporte de toneladas de drogas destinadas principalmente ao Ceará. A Polícia Federal identificou 26 pessoas no esquema criminoso.
O advogado preso foi Rafael Dias Andrade Cunha, achado em Gandu. O PM foi o cabo Francisco, localizado em Santaluz. Ele trabalhava no 5º Batalhão (BPM/Euclides da Cunha). Já o PRF é Diego Dias Duarte, que teve mandado cumprido em Feira de Santana, mas teria sido localizado pela PF em Natal.
Diego Dias Duarte cobrava até R$ 2 mil por quilo de cocaína transportada para o Comando Vermelho. Segundo os investigadores, por meio de interceptações telefônicas, ele e o também PRF Raphael Angelo Alves da Nóbrega eram responsáveis por transporte de cocaína. Os policiais respondiam ao traficante José Heliomar de Souza – líder do CV em Porto Velho.
A PF também levantou que os PRFs, além do transporte da cocaína, tinham a função de levantar informações da corporação para que cargas da organização não fossem apreendidas. Por outro lado, eram responsáveis pela realização de apreensões e prisões de drogas ligadas às facções rivais. Parte do material apreendido por Diego e Raphael não era apresentado às autoridades competentes, mas repassado para Heliomar.
* As informações são do Portal do Casé