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Pai de líder de facção e contato do BDM: ex-vereador é peça chave no tráfico de Juazeiro

Amadeus dos Santos Silva se entregou à polícia após estar foragido desde 2023

Se alguém quiser entender o tráfico de drogas e os homicídios gerados pela prática criminosa em Juazeiro, no norte da Bahia, precisa passar pelo nome de Amadeus dos Santos Silva, ex-vereador condenado por integrar organização criminosa que se entregou à polícia nessa quarta-feira (19). As investigações contra o político, segundo fontes policiais consultadas pela reportagem, revelaram que Amadeus é pai de um líder de facção da região e tem contato com integrantes do Bonde do Maluco (BDM).

O filho dele, Manoel Luiz dos Santos Neto, está preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) de Serrinha, presídio de segurança máxima. Manoel é fundador e liderança da facção conhecida como Honda, que atua em Juazeiro, Petrolina, Senhor do Bonfim e outras cidades do Vale do São Francisco. Antes de fundar a facção, Manoel da Honda, como é conhecido, era integrante do BDM, grupo do qual virou inimigo em toda a região.

Facção se apropriou do símbolo da Honda e vende pacotes de cocaína com a marca | Foto: Reprodução

“Manoel era o alvo da Operação Astreia, de 2023, e foi preso em uma mansão à beira-mar no estado de Sergipe. Tanto ele como Amadeus começaram no tráfico com ligação ao BDM, mas Manoel decidiu seguir carreira solo. Com essa dissidência, a Honda, que foi batizada por ele, entrou em rota de colisão com o BDM, o que fez um verdadeiro derramamento de sangue nas ruas de Juazeiro. Na época, a cidade figurou entre as mais violentas de todo o Brasil”, conta fonte policial, que pede que seu nome e cargo sejam preservados.

O Anuário da Segurança Pública atesta a onda de violência provocada pelo conflito indicado pelo policial. Isso porque, em 2022 e 2023, Juazeiro ficou entre as dez cidades mais violentas de todo o Brasil. Em 2022, a cidade ocupou o décimo lugar do ranking, com uma taxa de 68,3 homicídios a cada 100 mil habitantes. Já em 2024, o município deu passos à frente na escalada contra a violência, ocupando a sétima posição do ranking com uma taxa de 74,4 homicídios a cada 100 mil habitantes.

Juazeiro foi a 7ª cidade mais violenta do país em 2023 | Foto: Reprodução

Mesmo em meio a uma guerra e com o filho liderando a Honda no conflito com o BDM, Amadeus assumiu uma posição de apaziguador do conflito na cidade. “Ele sempre foi o mentor de Manoel. Amadeus surgiu e foi eleito com o dinheiro e poder que ganhou do tráfico, deixando a posição para o filho quando virou político. Manoel, no entanto, quis mais poder com a Honda. Ainda assim, mesmo defendendo os interesses dos filhos, Amadeus não deixou de ter um bom trânsito com o BDM e sempre agiu para tentar apaziguar a situação entre as duas facções”, relata fonte policial que o investigou. Amadeus foi eleito pelo PSD.

Amadeus, inclusive, só virou alvo da Operação Astreia, da Polícia Federal (PF), após a primeira fase da ação descobrir indícios da participação do ex-vereador no tráfico de drogas com o apoio ao filho. A PF apurou, inclusive, que Amadeus guardaria com ele parte do dinheiro de Manoel Honda. Por isso, a segunda fase da Astreia cumpriu mandado na casa do político, quando, na chegada dos policiais, Amadeus destruiu o próprio celular. Por conta da ação, ele foi preso por obstruir as investigações.

Manoel Honda (de jaqueta) é orientado por Amadeus | Foto: Reprodução

No dia seguinte, entretanto, acabou liberado por uma decisão judiciária e fugiu antes que o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) revertesse o que foi decidido por um juiz na época, ficando foragido por mais de um ano. A polícia desconfia ainda que, pela condenação a sete anos de regime semiaberto, o ex-vereador se entregou para, quando liberado, continuar tocando os negócios do tráfico na cidade.

Apesar da ação contra os grupos criminosos, a situação está longe da paz em Juazeiro. Tanto é que Manoel Honda, que saiu do RDD no fim do ano passado para o Conjunto Penal de Juazeiro, precisou ser transferido de volta para o presídio de segurança máxima às vésperas do Natal após um crescimento de homicídios ligado à Honda ser registrado. Com a sua prisão, o grupo trabalha ainda para fazer do irmão de Manoel o sucessor dos negócios da Honda.

Fonte: Correio

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