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CPI do INSS causará mais dano a Lula do que julgamento ao bolsonarismo

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O governo Lula e a oposição bolsonarista vão enfrentar provações cruciais e simultâneas a partir desta e da próxima semana. Na terça-feira, 26, o Congresso dará início aos trabalhos da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a fraude no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social).

Os líderes governistas dormiram no ponto e deixaram que a presidência e a relatoria da comissão fossem conquistadas por opositores ferrenhos. Uma semana depois, no dia 2, o STF (Supremo Tribunal Federal) vai iniciar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após a derrota para Lula na eleição de 2022.

DISPUTANDO PÚBLICO – Dois circos estarão montados um ao lado do outro, disputando público. A oposição bolsonarista vai usar a CPMI para criar fatos, manchetes e vídeos virais negativos em série para o governo — enquanto, no picadeiro ao lado, seu líder Bolsonaro estará sentado no banco dos réus.

O objetivo dos parlamentares oposicionistas vai ser, primeiro, provar responsabilidade do governo no avanço do esquema de descontos indevidos nos benefícios dos aposentados e, segundo, vincular entidades e pessoas que participaram da fraude ao PT e — quem sabe, no que seria o prêmio maior — ao próprio presidente.

Uma possibilidade é que Frei Chico, irmão de Lula e vice-presidente de um dos sindicatos investigados pela suspeita de ter tirado nacos ilegais das aposentadorias e pensões, seja convocado para prestar depoimento na comissão.

MOMENTO ADEQUADO – O deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), relator da CPMI, tergiversou e disse que “não é o momento adequado” para tal convocação.

Com a missão de evitar uma nova mancada da base governista, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) terá como prioridade evitar que Frei Chico seja obrigado a depor e que o governo se torne o único alvo das investigações.

Trata-se de uma tarefa ingrata, ainda mais sem o comando da presidência e da relatoria da comissão. A CPMI do INSS tem tudo para se tornar um eficiente instrumento de desgaste da imagem do governo Lula, assim como a CPI da Covid-19 contribuiu para abalar a popularidade de Bolsonaro em 2021.

POPULARIDADE – O então presidente tinha 30% de aprovação popular, segundo o Datafolha, antes daquela comissão começar. Depois de seis meses de uma CPI que expôs a atuação criminosa do governo na pandemia, a popularidade de Bolsonaro minguou para 22%.

Costuma-se dizer em Brasília que todos sabem como uma CPI começa, mas não como termina. Esse imponderável é o que torna essa comissão tão perigosa para Lula.

Já do julgamento de Bolsonaro no STF pode-se dizer o oposto: sabe-se como começa e pode-se fazer uma aposta segura de como termina, ou seja, provavelmente com a condenação do ex-presidente.

DISPUTAR O ESPÓLIO – A situação política de Bolsonaro não passará a ser muito diferente da atual. A confirmação de sua prisão apenas vai permitir aos seus herdeiros políticos se movimentar com mais liberdade para disputar seu espólio eleitoral.

O bolsonarismo vai se fortalecer com a narrativa de perseguição ao seu líder e com a possibilidade de se unir em torno de um nome que o “honre” nas urnas.

As atrações do circo ao lado são mais imprevisíveis.

Diogo Schelp / Estadão

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