DestaqueEntretenimentoHistória

Nos 80 anos de Gal Costa, eis 80 belas gravações que atestam a imortalidade da voz cristalina dessa grande cantora

Foto com Link

Foto com Link de Direcionamento

Descrição da imagem

Clique na imagem para ser redirecionado para o site.

Diferentemente de Elis Regina (1945 – 1982), cantora que saiu de cena aos breves 36 anos para entrar na história da música brasileira, Gal Costa (1945 – 2022) viveu 77 anos. Por pouco, a cantora baiana não teve a oportunidade de festejar os 80 anos que faria hoje, 26 de setembro. Até por isso é ainda muito difícil conjugar o verbo no passado quando se fala de Maria da Graça Costa Penna Burgos, uma das maiores cantoras do Brasil – e do mundo – em todos os tempos.

A alta quantidade de tributos prestados a Gal em discos e shows desde aquele trágico 9 de novembro de 2022 atesta a importância da artista, embora a maioria das homenagens tenha sido de natureza mercantilista.

Se Gal tivesse tido somente aquela voz cristalina de timbre único e inimitável, voz que se tornou referência para quem veio depois dela, a cantora já seria grande. Só que, aliada ao poder vocal, a força do repertório de Gal a agigantou no universo da música brasileira.

Moderna desde sempre, Gal usou o canto para dar essa voz tamanha a um repertório que traduziu o Brasil ao longo dos 57 anos de carreira iniciada em 1965 – descontada a pré-história na Bahia em 1964 – e encerrada em 2022 com a inesperada morte da artista. Um Brasil de sombras e luzes.

Poucas cantoras do universo da MPB deram voz a um cancioneiro tão amplo do ponto de vista estético. Gal transitou praticamente por todos os gêneros musicais e gravou leque variado de compositores, dos contemporâneos Caetano Veloso e Gilberto Gil aos jovens Arthur Nogueira e Silva, passando pelos pioneiros Dorival Caymmi (1914 – 2008) e Ary Barroso (1903 – 1964).

Na última produtiva década de vida, iniciada profissionalmente com a edição do revigorante álbum Recanto em dezembro de 2011, a cantora se abriu para uma geração de compositores e intérpretes do século XXI, renovando a discografia e sobretudo se renovando. Não por acaso, no álbum póstumo que sairá em 17 de outubro, As várias pontas de uma estrela – Ao vivo no Coala, há participações de Rubel e Tim Bernardes.

Contudo, tudo que se possa falar de Gal Costa é pouco diante da grandeza da cantora. O importante é ouvir Gal Costa para tentar entender a dimensão alcançada pela voz cristalina da verdadeira baiana.

Por isso, no dia do 80º aniversário da artista, o Blog do Mauro Ferreira lista 80 gravações expressivas da discografia da cantora, expandindo (e alterando sutilmente) relação publicada em setembro de 2020 com 75 fonogramas da artista por ocasião do 75º aniversário de Gal.

A maioria dessas 80 gravações fez sucesso. Uma pequena parte permanece conhecida somente pelo séquito da cantora. Mas todos os 80 fonogramas resistem bem ao tempo, atravessando gerações com a perenidade da voz cristalina da imortal Gal Costa.

 Eis, em ordem cronológica, 80 gravações significativas da trajetória fonográfica de Gal Costa:

  1. Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) – Fonograma de 1965

Gal ainda era Maria da Graça quando gravou no lado A do primeiro single esse samba que explicitou a origem da cantora e do compositor.

  1. Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967) – Fonograma de 1967, com Caetano Veloso

Uma canção que Gal evoca a Gracinha da Bahia, devota de João Gilberto (1931 – 2019).

  1. Candeias (Edu Lobo, 1967) – Fonograma de 1967

Ainda com a suavidade da Gracinha, Gal dá voz à melancolia lírica dessa canção de Edu Lobo.

  1. Baby (Caetano Veloso, 1968) – Fonograma de 1968

A canção foi feita para Maria Bethânia, mas Gal se apropriou da música no álbum-manifesto da Tropicália.

  1. Divino maravilhoso (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1968) – Fonograma de 1968

Já musa da Tropicália, Gal deixa a pulsar a veia pop roqueira nessa música de festival.

  1. Não identificado (Caetano Veloso, 1969) – Fonograma de 1969

Caetano fez a canção para ela…

  1. Namorinho de portão (Tom Zé, 1968) – Fonograma de 1969, com Gilberto Gil

No primeiro álbum solo, um encontro com a obra do mais rebelde dos tropicalistas.

  1. Que pena (Ela já não gosta mais de mim) (Jorge Ben Jor, 1969) – Fonograma de 1968

Uma declaração de amor feita com Caetano Veloso no suingue de Jorge Ben.

  1. Cinema Olympia (Caetano Veloso, 1969) – Fonograma de 1969

Rock na veia em álbum com ecos da Tropicália.

  1. Meu nome é Gal (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) – Fonograma de 1969

Uma carta de apresentação, escrita pelos arquitetos da Jovem Guarda para a musa da Tropicália.

  1. Hotel das estrelas (Jards Macalé e Duda Machado, 1970) – Fonograma de 1970

A barra pesa e a musa da contracultura dá o recado.

  1. London, London (Caetano Veloso, 1970) – Fonograma de 1970

Um flash do exílio londrino de Caetano na voz de quem segurou no Brasil a barra dos tropicalistas.

  1. Falsa baiana (Geraldo Pereira, 1944) – Fonograma de 1970

A verdadeira baiana cai no suingue do samba do compositor de outra era musical.

  1. Vapor barato (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971) – Fonograma de 1971

Uma viagem pelo clima sombrio do Brasil dos anos 1970.

  1. Pérola negra (Luiz Melodia, 1971) – Fonograma de 1971

Uma moderna e bluesy canção de amor que revelou Luiz Melodia (1951 – 2017).

  1. Dê um rolê (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1971) – Fonograma de 1971

A vida é boa… Novos Baianos na voz da baiana de todos os tempos.

  1. Sua estupidez (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) – Fonograma de 1971

Aquela canção do Roberto com todo o sentimento bluesy da letra.

  1. Vale quanto pesa (Luiz Melodia, 1973) – Fonograma de 1972 lançado em 2025

Gal gravou em 1972 essa então inédita pérola negra de Luiz Melodia para EP arquivado e lançado somente em março deste ano.

  1. O dengo que a nega tem (Dorival Caymmi, 1941) – Fonograma de 1972 lançado em 2025

Outra magistral gravação do arquivado EP de 1972 que veio ao mundo somente em março deste ano. Remelexo e desbunde no samba de Caymmi em gravação com mais de sete minutos.

  1. Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi, 1972) – Fonograma de 1973

Um axé para a matriarca do Terreiro do Gantois em dueto Maria Bethânia.

  1. Índia (José Asunción Flores e Manuel Ortiz Guerrero, 1928, em versão em português de José Fortuna, 1952) – Fonograma de 1973

A guarânia paraguaia ressurge em outra vibe, com os agudos de Gal.

  1. Volta (Lupicínio Rodrigues, 1957) – Fonograma de 1973.

A dor amargurada de Lupicínio.

  1. Barato total (Gilberto Gil, 1974) – Fonograma de 1974

A gente quer é viver… Lá, lá, lá, lá, lá…

  1. A rã (João Donato e Caetano Veloso, 1974) – Fonograma de 1974

Cantar com a leveza de Donato e as palavras de Caetano.

  1. Lágrimas negras (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1974) – Fonograma de 1974

Belezas são coisas acesas por dentro.

  1. Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi, 1975) – Fonograma de 1975

Quando Gal veio para o mundo de Jorge Amado (1912 – 2001) e de Dorival Caymmi (1914 – 2008)

  1. Só louco (Dorival Caymmi, 1955) – Fonograma de 1976

Ainda no mundo de Caymmi, mas no tom aconchegante do samba-canção.

  1. Esotérico (Gilberto Gil, 1976) – Fonograma de 1976, com Doces Bárbaros

Quarteto fantástico!

  1. Tigresa (Caetano Veloso, 1977) – Fonograma de 1977

Sônia Braga? Zezé Motta? Gal era a verdadeira Tigresa.

  1. Negro amor (It’s all over now, baby blue, Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977) – Fonograma de 1977

Dylan em um grande disco de tom underground, Caras & bocas.

  1. Folhetim (Chico Buarque, 1978) – Fonograma de 1978

Impossível descartar o bolero de Chico…

  1. Força estranha (Caetano Veloso, 1978) – Fonograma de 1979

Caetano fez para Roberto Carlos, mas a canção ficou associada à “voz tamanha” de Gal.

  1. Balancê (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1937) – Fonograma de 1979

Tropical, Gal traz antigos Carnavais para o Brasil de 1979.

  1. Aquarela do Brasil (Ary Barroso, 1939) – Fonograma de 1980

As tintas ufanistas do país alcançam outros tons e gerações.

  1. Meu bem, meu mal (Caetano Veloso, 1981) – Fonograma de 1981

Gal, um vício desde o início…

  1. Festa do interior (Moraes Moreira e Abel Silva, 1981) – Fonograma de 1981

Gal vai atrás da massa real com aliciante marcha-frevo

  1. Açaí (Djavan, 1981) – Fonograma de 1981

Com o sabor do genial compositor de Alagoas.

  1. Azul (Djavan, 1981) – Fonograma de 1982

Outra cor de Djavan.

  1. Minha voz, minha vida (Caetano Veloso, 1972) – Fonograma de 1982

Uma canção de Caetano para a cantora que traz a vida na voz.

  1. Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) – Fonograma de 1982

O trio de Dodô & Osmar lançou, Nara Leão (1942 – 1989) regravou, mas o Brasil foi atrás do bloco de Gal.

  1. Eternamente (Tunai e Sérgio Natureza, 1983) – Fonograma de 1983

Inesquecível canção sobre o que não passará.

  1. Tema de amor de Gabriela (Antonio Carlos Jobim, 1983) – Fonograma de 1983

De volta ao mundo de Jorge Amado, desta vez no tom soberano de Jobim.

  1. Vaca profana (Caetano Veloso, 1984) – Fonograma de 1984

Leite na cara dos caretas.

  1. Chuva de prata (Ed Wilson e Ronaldo Bastos, 1984) – Fonograma de 1984

Gal destila o mel das canções de amor padrão FM com os vocais doces do Roupa Nova.

  1. Nada mais (Lately, Stevie Wonder, 1980, em versão em português de Ronaldo Bastos, 1984) – Fonograma de 1984

Dor de amor que dói demais…

  1. Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985) – Fonograma de 1985

O amor em paz e em dueto com Caetano Veloso.

  1. Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985) – Fonograma de 1985

A leveza de domingo ensolarado com o peso da voz de Tim Maia (1942 – 1998).

  1. Arara (Lulu Santos, 1987) – Fonograma de 1987

O canto onomatopaico de Gal chega ao auge do alcance vocal em disco tecnopop que deixou muita gente uma arara…

  1. Todos os instrumentos (Joyce Moreno, 1987) – Fonograma de 1987

A plenitude do canto em música moldada para grandes vozes.

  1. O vento (Djavan e Ronaldo Bastos, 1987) – Fonograma de 1987

Pérola rara do injustiçado álbum Lua de mel como o diabo gosta.

  1. Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero, 1988) – Fonograma de 1988

Gal põe o país do vale tudo no fio da navalha em incisivo rock-samba que reverberou no remake de 2025.

  1. Cabelo (Jorge Ben Jor e Arnaldo Antunes, 1989) – Fonograma de 1990

Ben Jor lançou, mas foi Gal quem descabelou a música.

  1. Raiz (Roberto Mendes e Jota Velloso, 1992) – Fonograma de 1992

O suingue do samba do Recôncavo Baiano na voz mais bonita que tem Graça nas mãos e no nome.

  1. Mãe da manhã (Gilberto Gil, 1993) – Fonograma de 1993

Um canto na escuridão, amparado pela voz de Gal.

  1. Errática (Caetano Veloso, 1993) – Fonograma de 1993

Caetano não erra…

  1. Língua (Caetano Veloso, 1984) – Fonograma de 1995

Gravação ousada e moderna que dividiu opiniões.

  1. Futuros amantes (Chico Buarque, 1993) – Fonograma de 1995

Não se afobe, não, que nada é para já e ainda hão de descobrir a beleza dessa gravação.

  1. Beatriz (Chico Buarque e Edu Lobo, 1983) – Fonograma de 1995.

Uma gravação escondida em songbook com canções de Edu Lobo.

  1. A luz de Tieta (Caetano Veloso, 1996) – Fonograma de 1996

A luz de Gal no samba-reggae de Caetano Veloso em mais um encontro com o compositor.

60 Lanterna dos afogados (Herbert Vianna, 1989) – Fonograma de 1997

De volta às paradas com balada dos Paralamas do Sucesso, ao lado de Herbert Vianna, em disco acústico.

  1. Pra você (Silvio Cesar, 1965) – Fonograma de 1998.

Uma das mais belas canções de amor em gravação feita para a novela Torre de babel (TV Globo, 1998).

  1. Aquele frevo axé (Cezar Mendes e Caetano Veloso, 1998) – Fonograma de 1998

Toda a bossa do então desconhecido compositor Cezar Mendes em samba feito em parceria com Caetano.

  1. A última estrofe (Cândido das Neves, 1932) – Fonograma de 2001

Expressiva lembrança de seresteira valsa-canção do repertório de Orlando Silva (1935 – 1978).

  1. Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz, 1994) – Fonograma de 2002

Alguma coisa para sentir em disco equivocado.

  1. E daí? (Miguel Gustavo, 1959) – Fonograma de 2003

Boa recordação em disco conformista, gravado com o olho no retrovisor.

  1. Hoje (Moreno Veloso, 2005) – Fonograma de 2005

O afilhado trouxe a madrinha para os dias de hoje.

  1. Um passo à frente (Moreno Veloso e Quito Ribeiro, 2005) – Fonograma de 2005.

Mais um passo de Gal para fechar a cortina do passado e seguir adiante.

  1. Recanto escuro (Caetano Veloso, 2011) – Fonograma de 2011

Na introspecção, brilha a luz de Gal.

  1. Miami Maculelê (Caetano Veloso, 2011) – Fonograma de 2011

Gal no batidão do funk carioca.

  1. Segunda (Caetano Veloso, 2011) – Fonograma de 2011

De volta ao interior da Bahia, mas com olhar contemporâneo.

  1. Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cicero, 2015) – Fonograma de 2015

De olho no futuro, na batida do rock.

  1. Jabitacá (Lirinha, Junio Barreto e Bacteria, 2015) – Fonograma de 2015

Gal nos caminhos de uma grande canção.

  1. Quando você olha pra ela (Mallu Magalhães, 2015) – Fonograma de 2015

A visão jovial de Jorge Ben por Mallu Magalhães na voz de Gal.

  1. Espelho d’água (Marcelo Camelo e Thiago Camelo, 2015) – Fonograma de 2015

Reflexo da inspiração de Camelo na discografia de Gal.

  1. Palavras no corpo (Silva e Omar Salomão, 2018) – Fonograma de 2018

Ecos de Amy Winehouse (1983 – 2011) em gravação sublime.

  1. Livre do amor (Adriana Calcanhotto, 2018) – Fonograma de 2018

A primeira canção inédita de Calcanhotto na voz de Gal.

  1. Minha mãe (César Lacerda e Jorge Mautner, 2018) – Fonograma de 2018

O reencontro com Maria Bethânia em louvor às mães das cantoras.

  1. Cuidando de longe (Marília Mendonça, Juliano Tchula, Junior Gomes e Vinicius Poeta, 2015) – Fonograma de 2018

Gal joga o Brasil pop sertanejo na pista da disco music com Marília Mendonça (1995 – 2021).

  1. O que é que há (Fábio Jr. e Sérgio Sá, 1982) – Fonograma de 2019

Gal dá a devida dimensão à angústia da canção lançada por Fábio Jr.

  1. Avarandado (Caetano Veloso, 1967) – Fonograma de 2021

No último álbum de estúdio, Nenhuma dor, Gal volta ao começo em belo dueto com Rodrigo Amarante.

Por G1

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo