O crédito bancário ficou mais caro para as famílias e um pouco mais barato para as empresas em novembro, segundo dados das Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgados nesta sexta-feira, 26, pelo Banco Central (BC).
A alta dos juros para pessoas físicas acompanha o aumento da taxa Selic, que está em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Já para as empresas, algumas linhas de crédito tiveram redução nos juros.
Para as famílias, os aumentos foram mais sentidos no crédito pessoal sem desconto em folha, que passou a cobrar 106,6% ao ano, e no cartão de crédito parcelado, que chegou a 181,2% ao ano. O cartão de crédito rotativo, usado quando o consumidor paga apenas parte da fatura, ficou ainda mais caro e alcançou 440,5% ao ano, mesmo com regras criadas para limitar os juros.
No geral, a taxa média de juros para famílias chegou a 59,4% ao ano, subindo em novembro e também nos últimos 12 meses. Já para as empresas, o cenário foi diferente. Os juros médios caíram e ficaram em 24,5% ao ano.
Houve redução principalmente nas linhas de desconto de duplicatas e nos empréstimos para capital de giro com prazo acima de um ano. No crédito com regras definidas pelo governo, os juros para pessoas físicas ficaram estáveis em 10,9% ao ano, enquanto para empresas caíram para 11,8% ao ano.
O montante total de crédito disponível para famílias, empresas e governos chegou a R$ 20,3 trilhões, com crescimento tanto no mês quanto no período de um ano. Já o total de empréstimos concedidos pelos bancos alcançou R$ 6,9 trilhões, com crescimento mais lento do que nos meses anteriores.
Endividamento e inadimplência
O Banco Central também alertou para o endividamento das famílias, que continua aumentando. As dívidas já representam 49,3% da renda acumulada em 12 meses, e quase 30% da renda mensal está comprometida com o pagamento de contas e empréstimos. A inadimplência, que mede atrasos acima de 90 dias, ficou em 3,8%, sendo maior entre as pessoas físicas.
Segundo informações do BC, esse cenário é consequência da política de juros altos para conter a inflação. Com o crédito mais caro, as pessoas tendem a consumir menos e poupar mais. Ao mesmo tempo, a diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro e o que cobram dos clientes, o chamado spread bancário, também aumentou, refletindo custos, impostos, riscos e lucro das instituições financeiras.
Fonte: A Tarde



