Mais parece uma homenagem póstuma, daquele soteropolitano que é internacionalmente conhecido como “pai do rock brasileiro”! Assim que eu vejo o atual governo da Bahia. Mas, a falta de memória de outrora, se pode hoje recorrer aos sistemas de “buscas” da internet para comparar o que se foi dito e defendido no passado, e as atitudes do presente; seria mais ou menos o que Raul Seixas dizia em sua música “dizer agora o oposto do que disse antes” ou ainda mais fazer agora o que criticava quando outros faziam antes.
Lembro o tumulto que os parlamentares e lideranças do PT fizeram quando a CLN – Concessionária Litoral Norte colocou o pedágio na Estrada do Coco. “Era um absurdo, estavam tirando o direito de livre circulação do cidadão”.
Anos depois, em 2006, o próprio PT sai da oposição e chega ao Governo do Estado da Bahia. Parecia ser uma oportunidade para consertar tudo aquilo que estava errado, pelo menos na visão petista, já que na oposição sempre criticava veementemente.
Mas não, não foi isso que aconteceu! O que vemos hoje é um coletivo de pedágios, mas muitos, muitos mesmo; só para ilustrar podemos falar de Salvador a Feira de Santana, o acesso que liga as duas maiores cidades da Bahia possuem dois pedágios, ou seja, o cidadão paga por duas vezes para se deslocar nos 100 km que ligam a capital à Princesa do Sertão.
Outro exemplo que bem ilustra os pedágios na Bahia é o município de Camaçari, onde o prefeito Luis Caetano também é do PT e a cidade virou uma “ilha pedagiada”, ninguém sai ou entra sem passar pelas cancelas do pedágio.
Antes fossem apenas os pedágios. Eles também gritavam e protestavam quando os trabalhadores, em greve, eram ameaçados de terem os dias parados descontados em seus vencimentos. Mas o que vimos este ano foi o governo cortando os dias de greve dos salários dos professores das universidades estaduais e, mesmo tendo uma decisão da desembargadora Drª. Deise Lago Ribeiro, que concedeu liminar favorável para pagamento dos salários, cortados ilegalmente com 21 dias de greve, fossem pagos em até cinco dias úteis, o governo Jaques Wagner recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde o presidente, ministro Cézar Peluzo, negou o pedido do Governo do Estado.
Isso mostra que o PT não tem mais “aquela velha opinião” e que, estando no poder, é muito mais cômodo “ser essa metamorfose ambulante”.
Outro fato curioso foi a declaração do governador Jaques Wagner no cortejo do 2 de Julho deste ano: “nenhum homem é maior que a saga do 2 de Julho”, fazendo referência a substituição do nome do Aeroporto Internacional de Salvador de “2 de Julho” para “Deputado Luís Eduardo Magalhães”.
Sem querer entrar no mérito da importância da data ou do deputado para história da Bahia, ficando apenas no limite da “nova opinião em formação”, quero apenas lembrar o fato que o próprio Wagner, quando era deputado federal, votou a favor da troca do nome! Por que ele, enquanto parlamentar, não impediu a substituição, ou pelo menos votou contra, para registrar a importância histórica da data?
Até mesmo os antigos oponentes, hoje são os mais novos aliados; aqueles que o PT criticava, hoje fazem parte da nova gestão. O que o Raul já previa ao cantar que “se hoje eu te odeio; amanhã lhe tenho amor”.
Parece que o “Maluco Beleza”, há décadas atrás, cantava o que viria a ser a atualidade do Governo da Bahia, que “hoje eu sou estrela”.
* Tiago Piñeiro Martins é licenciado em Pedagogia. Atualmente exerce a função de Gestor Executivo da União de Vereadores da Bahia.