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Educação & Cultura

Filme sobre Raul estréia hoje; artista baiano passa a ser visto como um mito

“Raul Seixas – O início, o fim e o meio” conta a história da ascensão e derrocada de artista que se tornou mito. “Raul Seixas, gostem ou não, é um mito. Cerca de 5 mil pessoas se reúnem espontaneamente na data de morte dele, em várias cidades, para ficar cantando as músicas dele até de madrugada. Isso é o mito”, enfatiza Walter Carvalho, diretor de O início, o fim e o meio, referindo-se à manifestação Toca Raul, evento anual dos fãs do artista.

O filme sobre o Maluco Beleza chega às telas de cinema hoje. É uma biografia apresentando as várias fases da obra do artista, construída com depoimentos de parceiros, amigos, familiares etc. Com cenas cômicas, especialmente quando o próprio Raul está em cena, mas essencialmente trágico. Afinal, é a história de ascensão e queda de um ídolo, mas que mostra o quanto a arte de Raul Seixas continua brilhante.

“Fiz um filme sobre tempo e memória”, afirma Walter Carvalho, situando a obra como reflexão que tudo observa sem tomar partido. “Raul Seixas foi um artista que mexeu com o imaginário das pessoas. E continua assim, mesmo não estando mais aqui”, afirma. De tudo que viu e ouviu sobre o artista, ficou especialmente a admiração com a síntese musical realizada por Raul Seixas.

“Impressiona-me a mistura de rock e baião, de Luiz Gonzaga e Elvis Presley. É uma sacada genial”, observa. O exemplo, aponta, é a canção Let me sing, apresentada no Festival Internacional da Canção, em 1972, materialização da proposta que valeu enorme sucesso ao artista. “Raul foi anárquico, libertário, contestador, um utopista do tempo em que as utopias eram individuais – hoje elas são coletivas”, observa.

Um emblema artístico do cantor e compositor baiano, para Walter Carvalho, pode ser a afirmação do mago inglês Aleister Crowlew (1875-1947), que está estampada no cartaz do filme: “Faze o que tu queres, há de ser tudo a lei.” “É afirmação do direito de cantar, de morrer, de ir e vir quando bem quiser. Isso é a cara do Raul”, garante.

Fazer o filme, conta o diretor, não foi nada fácil. É obra feita com recursos limitados e envolveu muitas viagens no Brasil e para o exterior (para ouvir parentes do artista na Bahia; parceiros, como Paulo Coelho, na Suíça; e até a esposa de Raul, que mora nos Estados Unidos). Depois, como há muito material na internet, teve de fazer pesquisa profunda para localizar material inédito (como preciosos registros do artista em estúdio) dos anos 1970, quando se filmava pouco.

Walter Carvalho é um dos mais importantes diretores de fotografia do cinema brasileiro. Vem, há cerca de uma década, atuando como diretor, produtor, roteirista sem deixar de atuar como fotógrafo. Levam a assinatura dele Janela da alma (2001), dirigido junto com João Jardim,
e Budapeste (2009), a partir de livro homônimo de Chico Buarque.

No momento, está realizando filme sobre o multiartista Antônio Nóbrega. O fio que liga, direta ou indiretamente, os autores dos filmes à música, segundo o diretor, vem da admiração que ele tem pelos artistas e suas respectivas obras. Acrescente-se a sedução por trabalhos que envolvam memória, realidade e gosto por documentários.

Um amigo mineiro

Antônio Walter Sena Júnior (*)

“Conheci Raul Seixas em 1983, em Juiz de Fora, fazendo shows. E convivi, mais de perto, a partir de 1984 até a morte dele, inclusive porque morei em São Paulo. Acho importante o filme Raul Seixas – O início, o fim e o meio. É uma obra-prima do documentário, com edição cuidadosa, muitos detalhes e filme que dá uma ideia de quem foi Raul Seixas. Nunca se viu até agora no cinema tanta gente falando de Raul Seixas com depoimentos tão sinceros. Foram seis anos de pesquisa do diretor, o que permitiu levantar muito material inédito, não são informações requentadas. Estão no filme toda a fofocada, a mulherada, a loucura que havia em torno de Raul Seixas ao fim da vida. Uma coisa meio Nelson Rodrigues, mas que é do ser humano.

É história de gênio que fez música que, no que tange à visão de universo, é revolucionária – basta ouvir Sociedade alternativa, Tente outra vez e A maçã – que termina na miséria, sem um tostão, cercado de aproveitadores. Como Raul Seixas negou todo o sistema, mandou tudo para a pqp, terminou isolado e jogado aos lobos. Essencial para compreender a obra dele, para mim, é ouvir os discos realizados entre 1973 e 76: Kriga-ha bandolo, Gita e Novo aéon.”

(*) Toninho Buda, de 62 anos, é professor de educação física e amigo de Raul Seixas. Tem três livros publicados: Trem das sete (Nova Sampa, 1995), Raul Seixas: uma antologia (Martin Claret, 1992) e Paixão segundo Raul Seixas (1999, Abadia de Thelena).

Confira aqui o trailer oficial do filme.

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