A farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson deverá pagar US$ 15 milhões — cerca de R$ 84,7 milhões — a um consumidor da marca de Connecticut que alegou ter desenvolvido mesotelioma após usar o talco da empresa por décadas, concluiu um júri na terça-feira (15). As informações são do portal jurídico Law.
O julgamento, que começou há cerca de um mês no Tribunal Distrital Judicial de Bridgeport, envolveu Evan Plotkin, que foi diagnosticado com mesotelioma em 2021 aos 64 anos. Ele declarou em juízo que ficou doente ao inalar talco de bebê da marca.
O júri do Tribunal Superior do Condado de Fairfield, em Connecticut, nos Estados Unidos, também decidiu que a empresa deve pagar danos punitivos adicionais, que serão determinados posteriormente pelo juiz que supervisiona o caso.
“Vamos apelar imediatamente das decisões errôneas do juiz de primeira instância que nos impediram de compartilhar fatos críticos com o júri que demonstram que a forma extremamente rara de mesotelioma do demandante não foi causada por pó de talco”, disse Erik Haas, vice-presidente mundial de litígios da J&J, em um comunicado.
62 mil pessoas estão em processo maior contra empresa
A decisão do caso de Evan Plotkin ocorre no momento em que a J&J busca resolver as alegações de mais de 62 mil pessoas que dizem ter tido câncer de ovário e outros tipos de câncer ginecológico devido ao talco, por meio de um acordo de falência de quase US$ 9 bilhões.
O acordo de falência, que enfrenta contestações legais de alguns advogados dos demandantes, colocou os processos sobre cânceres ginecológicos em espera, mas não afeta o número muito menor de reivindicações por casos de mesotelioma, como o de Plotkin. A empresa já havia resolvido algumas das reivindicações, mas não propôs um acordo nacional.
Os demandantes em todos os processos judiciais dizem que os talcos da J&J estavam contaminados com amianto, agente cancerígeno conhecido por causar mesotelioma e outros tipos de câncer.
O que é mesotelioma?
Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença causa uma massa de tecido anormal no mesotélio, tecido de revestimento de determinados órgãos. Cresce, principalmente, sobre superfícies serosas e atinge a pleura (81% dos casos), o peritônio (15%), o pericárdio (4%) e, em menor frequência, a Tunica vaginalis.
É mais frequente em homens com idade acima dos 50 anos, sendo um tipo de câncer com forte relação com o trabalho, mas também com origem ambiental. O principal agente cientificamente reconhecido como causador do mesotelioma maligno é o amianto, fibra mineral, natural, composta de cálcio e magnésio, que foi muito utilizada na indústria por se tratar de um produto abundante na natureza, resistente, isolante e de baixo custo.
Os sintomas são inespecíficos e comuns às doenças pleurais, como dispneia, dor torácica, tosse, perda de peso, astenia, fadiga e, eventualmente, abaulamento no tórax.
(Fonte: Diário do Nordeste).