
Durante a ‘Operação Dupla Face’, deflagrada nesta terça-feira, 1º, pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) e Polícias Civil e Militar, um advogado criminalista foi preso por suspeita de integrar uma facção criminosa com envolvimento na fuga de 16 detentos do Conjunto Penal de Eunápolis. O grupo também é responsável pelo atentado contra o diretor da unidade prisional Jorge Magno Alves, em maio deste ano.
De acordo com as investigações, os alvos da operação fazem parte de uma facção que ligação com o Comando Vermelho. O grupo está envolvido em crimes de homicídio, associação para o tráfico e financiamento do tráfico de drogas.
Ainda segundo as investigações, o advogado Heraldo Silva de Souza exercia papel ativo na estrutura criminosa, com envolvimento direto na gestão de recursos financeiros oriundos do tráfico de drogas, além de prestação de contas e cobrança de metas semanais de arrecadação. Há indícios de que o profissional teria auxiliado na articulação de ações criminosas, incluindo a fuga e o atentado. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Eunápolis.

A operação foi realizada por equipes dos Grupos de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) e de Execução Penal (Gaep), do MPBA; equipes dos Departamentos de Inteligência Policial (DIP), de Polícia do Interior (Depin), das Coordenações de Operações de Polícia Judiciária (COPJ) e de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil; e PM.
Sobre o atentado – Um funcionário do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, foi atingido por disparos de arma de fogo, enquanto dirigia, nas proximidades da unidade prisional, na noite desta terça-feira, 20. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), a suspeita inicial aponta que o atentado teria como alvo o diretor da unidade, o policial penal Jorge Magno Alves.
Ainda segundo a Seap, o homem é um trabalhador terceirizado da empresa Reviver, que atua como motorista. Ele foi socorrido para o Hospital de Eunápolis, onde se encontra em estado gravíssimo. O carro ocupado pelas vítimas ficou crivado de balas e assustou a população local.

Fuga de detentos – De acordo com as investigações, os fugitivos estavam no pavilhão B do Conjunto Penal. Eles usaram uma “teresa” — tipo de corda artesanal formada por lençóis — para fugir pela lateral do alambrado. O coronel Luís Alberto Paraíso, comandante de Policiamento da Região Sul, explicou que foram “duas ações simultâneas”.
De acordo com o PM, os internos perfuraram o teto de uma cela para fugir. “O grupo criminoso veio de fora do presídio, cortou a grade e começou a atirar nas guaritas. Essa troca de tiro sustentou a fuga dos elementos que desceram por cordas e fugiram pelo matagal”, explicou. O grupo ainda matou um cão de guarda.
Após a fuga dos 16 detentos, a diretora, o diretor adjunto e o coordenador de segurança do Conjunto Penal de Eunápolis foram afastados dos cargos. Dias depois, a ex-diretora Joneuma Silva Neres foi presa por suspeita de facilitar a fuga. As investigações apontaram que ela tinha ligação com uma organização criminosa da cidade.




