
Como nas últimas páginas de um livro que nos toca fundo, São José do Jacuípe se despede da terceira edição da FLIZÉ — a Festa Literária que, entre os dias 28 e 30 de julho, transformou o sertão baiano em um território de palavras vivas, histórias compartilhadas e cultura pulsante.
Com o tema “Mãos que constroem a cidade”, a FLIZÉ 2025 foi escrita coletivamente em cada encontro, oficina, apresentação e conversa. Ao longo de três dias, a Praça Aristóteles Barros Rios, Câmara Municipal e Escolas do município abrigaram uma programação intensa e gratuita, com feira do livro, feira solidária, contações de histórias, oficinas criativas, mesas de debate, shows musicais, quadrilhas juninas e muito mais.
Teve capoeira que riscou o chão com memória, poesia que arrepiou, fanfarra que ecoou identidade, e dança que pintou a praça com alegria. Entre as cenas do cotidiano e da criação, as oficinas deram vida a palavras, cores e movimentos, com xilogravura, cordel, dança, haicai, geometrismo nordestino, fanzine e imagens do sertão — arte que brotou do papel, do corpo e da alma.
Um dos grandes destaques desta edição foi a forte presença das escolas da região. Treze unidades escolares estaduais junto com outras escolas do município, mobilizadas em parceria com o NTE 15, participaram com caravanas de estudantes, que contaram com almoço gratuito durante os dias do evento. A Flizézinha, espaço dedicado ao público infantil, encantou com contações, pintura facial, teatro de fantoches e o parque inflável solidário — cujo ingresso era 1 kg de alimento. A campanha resultou na arrecadação de meia tonelada de alimentos para o programa Bahia Sem Fome.
A movimentação na cidade foi intensa: os hotéis lotaram, a praça de alimentação reuniu comerciantes locais, e a feira de economia solidária teve grande adesão com os vales de R$ 50 distribuídos para que estudantes consumissem diretamente dos artesãos. O mesmo aconteceu na Feira do Livro, que garantiu não só o acesso aos livros, mas também a valorização de escritores e editoras regionais.
As mesas temáticas emocionaram o público ao discutir temas como negritude, literatura africana, feminismo, diversidade e pertencimento. A inclusão foi garantida com intérpretes de LIBRAS e ambientes acessíveis — uma marca da FLIZÉ enquanto espaço democrático e inclusivo.
Encerrar a FLIZÉ é como fechar um livro que não queremos terminar. O coração fica aquecido e a alma, cheia de histórias. Foram cerca de 7 mil visitantes em três dias de festa. Uma narrativa coletiva, feita de sonhos, encontros e resistência — porque ler, criar e celebrar também é um ato de transformação. Declaramos eterna a FLIZÉ.
A FLIZÉ não termina, ela recomeça. E já deixa saudade. Que venham os próximos capítulos.
O projeto foi contemplado no Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários (nº 01/2024), por meio do Programa Bahia Literária, com o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Educação e da Secretaria de Cultura, via Fundação Pedro Calmon. O edital é direcionado à modalidade de fomento à execução de ações culturais, conforme o Decreto Federal nº 11.453/2023, a Política Estadual de Cultura (Lei nº 12.365/2011), o Plano Estadual de Cultura (Lei nº 13.193/2014), o Plano Estadual de Educação da Bahia (Lei nº 13.559/2016) e a Lei Federal nº 14.133/2021. O projeto conta ainda com o apoio cultural do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Bahia, por meio da Rádio Educadora FM e da TVE Bahia.