Lançado durante o governo do presidente Itamar Franco em 1º de julho de 1994, e tendo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como Ministro da Fazenda, o Real freou o processo de inflação no Brasil e de lá para cá passou a ser o principal instrumento para a emancipação da nossa sociedade. É por isso que, agora, o PSDB tentará reaver uma bandeira que julga ter sido roubada: a da estabilidade da economia.
Não há como negar que o Plano Real, que completa 15 anos hoje, foi o mais bem sucedido da história desse país. Quando foi lançado, a inflação em 12 meses era de 5.154%. Ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta de inflação em 4,5% para 2011, pelo sétimo ano consecutivo.
Os tucanos marcaram para o próximo dia 7 uma sessão no Congresso Nacional para celebrar a data. Devem comparecer os ex-presidentes Fernando Henrique e, talvez, Itamar Franco, que sempre demonstrou mágoa por não ser lembrado como o “pai” do Real. O líder na Câmara, José Aníbal (SP), está encarregado dos convites.
Aos 15 anos, real ainda não venceu indexação
O aniversário de 15 anos do Plano Real, dia 1º de julho, marca o sucesso na luta pela estabilidade dos preços no País. O combate à inflação, no entanto, não acabou e ainda exige reformas, segundo o professor de economia Heron do Carmo, da Universidade de São Paulo (USP), especialista no acompanhamento de preços.
Ele diz que o principal problema relacionado à inflação atual é a indexação ainda existente na economia, uma herança dos tempos de reajustes constantes nos preços. De acordo com estimativa do economista, esse fator é responsável por 15% da inflação brasileira hoje.
Por meio da indexação, as contas de telefone, de luz e os contratos de aluguel, por exemplo, são reajustados anualmente pelos índices de inflação. Os aluguéis são atrelados ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Por sofrer influência de preços das matérias-primas (commodities), o IGP-M repassa impactos de altas em outros produtos para o sistema todo. “Isso perturba e dá uma grande instabilidade porque repassa um choque de preços externo para o sistema interno”, diz do Carmo.
Para o economista da FGV Projetos, Fernando Blumenschein, avançar na redução da indexação envolve reformas em cada um desses setores que têm os preços indexados. “São avanços mais difíceis. Para avançar nos preços de energia elétrica seria preciso uma reforma de todo o sistema do setor elétrico. Não é uma coisa que se possa fazer sem custos”, diz. Há ainda uma dificuldade política para combater essa forma de reajuste porque ela implica perda de arrecadação.
Por Evandro Matos (com adaptções de O Estadão e Valor Econômico).