Mesmo com a descaracterização da festa em alguns lugares, em outros municípios, contudo, os organizadores fizeram questão de resgatar as velhas tradições ou, no mínimo, impediram que o São João fosse atropelado pelo carnaval, ou que a guitarra se sobrepujasse à sanfona.
Mas, neste mundo globalizado e revirado, não é muito fácil segurar a peteca. É que a força da indústria cultural é muito grande. Em nome dos lucros e da profissionalização da festa, “eles” não têm qualquer compromisso com as tradições regionais. E, assim, no afã de não deixarem parados os grupos de axé e pagode, empurram nos pacotes para os prefeitos.
Sem boa base cultural ou intelectual, ou sem o compromisso com a própria história dos seus municípios, boa parte dos gestores cai no conto dos empresários e contratam para animar a festa grupos sem a identificação com a proposta junina. Nada contra os outros rimos musicais, mas precisamos respeitar Januário e Luiz, os precursores de tudo isso.
Por isso, cabe-nos louvar aqueles gestores que souberam preservar as tradições juninas, ou, no mínimo, fizeram uma mescla sem esconder a força da sanfona, do triangulo e da zabumba. O exemplo mais louvável neste caso foi o do prefeito de Jequié, Luiz Amaral, que, além de homenagear oficialmente o forrozeiro e ritmista Jackson do Pandeiro, mandou divulgar em toda a freguesia que as tradições seriam mantidas.
Mas louvores também para outros gestores, como o prefeito Tarcizio Pimenta, em Feira de Santana, que levou os festejos para todo o interior do município. Da mesma forma fez Paulo Cezar, em Alagoinhas. Enfim, outros podem ter feito até melhor, mas paremos nestes três exemplos.
O nosso portal também procurou colaborar o quanto pode para manter a força das tradições juninas. Ora publicando artigos como os da historiadora Consuelo Ponde de Sena e do jornalista Evandro Matos, que defendem a preservação da leveza, da inocência e da simplicidade da festa; ora publicando textos e imagens alusivas às comemorações.
Mas, o mais confortável de tudo foram os resultados das duas enquetes que nós fizemos. Na primeira, perguntamos: “Você é contra ou a favor da inclusão dos ritmos axé e pagode na programação junina?”. Resultado: a favor (14,06%), contra (76,56) e quanto faz (9,38%); Na segunda, perguntamos: “Para você, qual a melhor festa, carnaval ou São João?”. Resultado: carnaval (4,62%), São João (90,77%) e as duas (4,62%). Os resultados mostram, de longe, que as teses defendidas por Evandro Matos e Consuelo Pondé estão completamente sintonizadas com a maioria esmagadora da população.
E para a despedida dos festejos juninos deste ano, nada melhor do que um show de imagens, que mostraremos durante estes dois dias, revelando um pouquinho da realidade baiana.
Evandro Matos