Num esforço conjunto da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), do Instituto Baiano de Metrologia (Ibametro) e Sebrae, a Batedeira Comunitária, equipamento para beneficiar a fibra do sisal da Associação do Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido (APAEB), em Valente, ingressou na fase final dos procedimentos para a obtenção do ISO 9001:2008, certificado internacional do sistema de gestão de qualidade.
Os produtos da cadeia produtiva do sisal também deverão receber o Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC), um certificado que atende às exigências mercadológicas, criando um diferencial competitivo entre as empresas.
As certificações atenderão à uma exigência da montadora Ford para a compra da fibra do sisal baiano. A medida ainda atende aos interesses dos arranjos Produtivos Locais do Sisal e Automotivo apoiados pela SECTI, através do Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial (Progredir). Para auxiliar na criação das condições de qualidade na gestão, o Sebrae disponibilizou o engenheiro químico Ernesto José Falcetta, que atuará como consultou na região.
Falcetta calcula que todo o processo deverá levar cerca de seis meses, pois requer muita ação e disciplina, até obter o reconhecimento internacional de modelo de gestão da empresa, através do ISSO 9001:2008. “Para isso, terá que qualificar a mão-de-obra e melhorar os procedimentos operacionais, a fim de agregar valor ao produto do sisal”, relata Falcetta.
As negociações com a Ford para utilizar a fibra do sisal na confecção dos painéis dos veículos produzidos pela montadora no Estado estão avançando, conforme o diretor-executivo da Associação do Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Região Sisaleira (Apaeb), Ismael Ferreira. Técnicos da Ford já visitaram a região para conhecer toda a cadeia produtiva do sisal.
Segundo Ismael, a Bahia responde hoje por 25% da produção nacional de fibra de sisal e produz 100 mil toneladas por ano de sisal em 32 municípios. De acordo com a presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável da Região Sisaleira do Estado da Bahia (Codes), Valdir Fiamoncini, a produção só não é maior por falta de mercado.
Uso do sisal pelas montadoras daria impulso na produção nacional
Um estudo da pesquisadora de polímeros do Senai, Joseane Dantas, demonstrou que se 20% do acabamento de carros fosse feito com peças de fibra de sisal, 45% de toda a produção nacional seria utilizada pela indústria automotiva, gerando demanda por expansão.
Ela disse que um carro de passeio tem 200 quilos de plástico e o produto do sisal é biodegradável. A pesquisadora destacou que esse percentual de um quinto de mistura é considerado tradicional, dando margem à presença bem maior de fibra natural.
Já o consultor da indústria automotiva, Luc de Ferran, chegou a observar que o sisal demanda menos energia na produção e tem impacto ambiental muito menor, se comparado à fibra de vidro, por exemplo. Ele afirmou que a Ford já vem ensaiando o uso desse tipo de matéria-prima de forma experimental.
Na Bahia, o APL do Sisal participa do Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial (Progredir). Voltado para micro, pequenas e médias empresas de diversos segmentos produtivos, organizadas em APLs, o Progredir conta com o aporte de US$ 16,6 milhões, ao longo de 30 meses, para ampliar a competitividade empresarial a partir da cooperação.
Fonte: Agecom