A votação de um projeto de Casas Populares na última sessão da Câmara de Vereadores de Nova Fátima, a 231 km de Salvador, realizada na última terça-feira (17), terminou em um quebra-quebra que durou horas e parecia não ter fim. Um bom número de pessoas já se encontrava na Casa para acompanhar a votação do projeto quando a mesma teve fim sem que a votação acontecesse.
O fato desencadeou a revolta da população e uma grande confusão começou, aglomerando mais e mais pessoas. Cadeiras, ovos e pedras foram arremessados e os vereadores da oposição, acusados pelos populares de “querer barrar o projeto”, esconderam-se no gabinete do presidente da Câmara.
Em seguida, o contador de energia foi desligado e a confusão aumentou ainda mais. Quadros com fotos de vereadores foram quebrados, novas brigas e vandalismos se sucederam. Reforço policial de cidades vizinhas teve que ser solicitado, e foi através de muita negociação que a ordem foi restabelecida, por volta das 2 horas da madrugada.
Mais cedo, em meio ao tumulto, o presidente da Câmara, José Carlos, ainda sentou com alguns vereadores para tentar restabelecer a sessão, mas como não havia quórum, essa proposta ficou inviável. O fato gerou mais confusão.
Manipulação e incentivo
A oposição, que tem maioria na Câmara da cidade, acusa o governo de ter planejado e arquitetado toda a bagunça. Segundo o vereador e presidente José Carlos dos Santos Oliveira, alguns secretários municipais foram os primeiros a dar pontapés na porta, incitando o tumulto. Ele alega ainda que os governistas usaram as rádios locais para convocar as pessoas a virem à sessão, tudo de maneira “arquitetada”.
Acusado de ser o mentor do incidente, por não colocar o projeto em pauta, o presidente José Carlos só conseguiu sair da Câmara escoltado pela polícia. Para os vereadores da oposição, o projeto seria votado na próxima sessão, pois nessa (que gerou a confusão) seria votado apenas o orçamento. “O tumulto foi desnecessário”, disseram.
Opositores só queriam barrar o projeto
Alguns vereadores da situação admitiram que estimularam, sim, a população a vir acompanhar a sessão. Mas não para provocar tumulto, e sim para saber qual vereador teria coragem de votar contra a criação das casas. O projeto não entrou em pauta.
O vereador Adriano, líder do governo, acusa um colega de ter pedido vistas do processo “irresponsavelmente” na última sessão. “Só queriam atrasar a votação, para que perdesse o prazo do projeto”, acusou. Disse que foi por esse motivo que a população se revoltou, e não por incentivo de ninguém.
Por Leandro Matos – correspondente da Região do Sisal