Com sede em Serra Preta, a Cooperativa possui três agências em Feira de Santana (mas só uma estava funcionando) e em outros municípios da região como Santo Estevão, Santo Amaro, São Gonçalo dos Campos, Santa Bárbara e Conceição da Feira. Segundo o advogado João Maia, a liquidação ocorreu devido à situação financeira negativa da Cooperativa, “originada através de má gestão financeira, simulação de empréstimos, fraude e roubo praticados pelos seus diretores, o presidente Lourival Nunes Araújo e o vice-presidente Ademy Sena Duarte”.
De acordo com o advogado, o prejuízo dos clientes da Cooperativa Subaé Brasil é de R$ 20 milhões. A fraude comandada pelos dois diretores “se configurava através de depósitos captados a taxas que variavam entre 1% a 2%, que eram emprestados a pessoas fictícias e fantasmas, ou seja, uma simulação de empréstimos”.
O golpe
Para a prática do golpe, segundo João Maia, os diretores vendiam o Banco do Brasil como responsável pelas operações. “Quando as pessoas iam sacar, percebiam que havia apenas uma simulação na atualização dos seus saldos. Não havia dinheiro para pagar”, informou Maia.
O advogado disse ainda que, diante das irregularidades, desde o dia 20 de agosto pediu a intervenção e liquidação da Cooperativa Subaé Brasil ao Banco Central. Contudo, Maia disse ter estranhado a demora para a solução do caso diante de sua gravidade. “Parece que eles têm muito lobby. Acho isso muito estranho”, declarou Maia. “O Ministério Público Federal tem um ano com um processo contra a diretoria, que está engavetado”, acrescentou.
Com sede em Serra Preta, a Cooperativa Subaé Brasil vinha passando por uma auditoria, mas não chegou a ser interditada até a decisão do Banco Central. Por causa da sua liquidação, os credores e devedores da Subaé Brasil terão que procurar diretamente o BC, que torna-se o responsável pela cobrança dos devedores e saldar parte do capital dos cooperados.
Além do caso já vir se arrastando na justiça, no município de Feira de Santana e região muitos já tinham conhecimento das irregularidades praticadas pela Cooperativa. O Programa Ronda Policial, na Rádio Subaé AM, que tem como âncora o radialista Valter Vieira, por exemplo, já havia dado a informação e denunciado o que se passava naquela instituição financeira.
Relatório do Bacen
O relatório do Banco Central aponta que em um período de seis meses, entre o final de 2006 e início de 2007, a Cooperativa concedeu ao seu próprio presidente Lourival Araújo, onze empréstimos, no total de R$ 344 mil, boa parte com a baixíssima taxa de juros de 0,73%. Os empréstimos eram freqüentes porque a prática era usar um novo para quitar o anterior.
O Banco Central também aponta uma simulação de compra de créditos de dívidas não pagas, que tinha a finalidade de regularizar a contabilidade e esconder os prejuízos. Quem comprava parte dos créditos podres era uma empresa que tem como representante legal a esposa de Lourival. E quem avaliza é outra, que tem como sócia gerente a filha do presidente destituído do Subaé Brasil.
Novo comando
De acordo com o empresário Rubens Cerqueira, diretor da empresa Cimentex, e substituto de Lourival Araújo, o banco contava com 20 funcionários, os demais haviam sido demitidos e indenizados. “Nossa administração deixou R$ 10 mil em caixa, R$ 30 mil em depósito e R$ 37 em moedas e cédulas rasgadas”, explica.
Ele salienta que os cooperados foram os principais responsáveis pela situação do Banco, ao não participarem e cobrarem uma maior transparência na gestão dos recursos. E destaca que dos 3 mil cooperados apenas 50% deles, estavam ativos.
A troca de direção entre Lourival e Rubens, ocorreu em novembro, após uma tumultuada assembléia de cooperados. Que debatiam os desdobramentos da denúncia formulada pelo MPF, que acionou a instituição por crime contra o sistema financeiro nacional (Lei 7.492/86), Procedimento Administrativo de nº 1.140.004.000118/2008-12. Instaurado a partir de representação formulada pelo Banco Central.
Por Evandro Matos