A casa grande do antigo Engenho Freguesia, cujas primeiras construções remontam ao século 16 e se tornou, em 1970, o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, administrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), terá suas obras emergenciais de estabilização finalizadas no próximo mês de março de 2010.
Localizado às margens da Baía de Todos os Santos, em frente à Ilha de Maré, no município de Candeias (BA), a casa grande é tombada como Patrimônio Nacional pelo IPHAN desde 1944. “Essa edificação possui elevado valor monumental, com quatro pisos, capela de grande porte, cozinha com coifas e chaminés de tipo alentejano português, sendo um dos raros exemplares conhecidos no país de edifício residencial desenvolvido em torno a dois pátios para os quais se voltam quartos, salas e alcovas”, informa Mendonça.
O IPAC, vinculado à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), administra as obras através de convênio firmado entre a Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex) e a Petrobras, que investe R$ 500 mil. “Com os recursos realizamos a recuperação dos telhados e pisos, descupinização das madeiras e a implantação de drenagem do entorno do conjunto arquitetônico”, relata Mendonça. Além de fiscalizar – ação que compartilha com o Iphan – contratar engenheiros, mestre de obras, pedreiros e marceneiros, o IPAC aproveita a mão de obra da região, como forma de integrar, ainda mais, a comunidade local ao monumento.
O projeto de recuperação total do conjunto – formado pela casa grande, capela e fábrica – com adaptação funcional para novos usos, incluindo o Museu Wanderley Pinho, está orçado em R$ 5,6 milhões e já foi aprovado pela Lei Rouanet, estando apto para captação de recursos via mecenato. A nova utilização integra um programa maior do governo estadual que pensa a salvaguarda do patrimônio arquitetônico-histórico de toda a Bahia inserido às ações de política pública do IPAC, e não somente a recuperação e uso de imóveis pontuais.
Atualmente, o Museu do Recôncavo está fechado para visitação em função das obras. A exposição permanente encontra-se desativada, temporariamente, e o acervo armazenado em outros museus do IPAC, até a reabertura do equipamento. A intenção é propor nova utilização para transformá-lo em espaço de uso múltiplo e de resgate da memória, com visitação e atividades voltadas para pesquisadores, estudantes, turistas, comunidade local e baianos em geral. Até meados de 2010 novas diretrizes já devem ser anunciadas para o local.
O museu está em região com remanescentes de Mata Atlântica, integrando a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baía de Todos os Santos e ocupando uma área total de 100 hectares. O engenho já aparecia nos mapas mais antigos do Recôncavo baiano, em cuja sesmaria foi doada em 1560 a Sebastião Álvares, seguindo-se depois a outros herdeiros e novos compradores.
“A construção mais antiga foi incendiada durante a ‘Invasão Holandesa’ nos anos de 1624 e 1625, e as características do prédio atual remontam mais aos séculos 18 e 19”, explica o diretor do IPAC.
Assessoria do IPAC