Neste ano, esta é a sexta viagem do tucano à Bahia, que tem merecido uma atenção especial por ser o quarto maior colégio eleitoral do país e o maior do Nordeste, região onde ostenta o pior desempenho nas pesquisas.
Vindo direto do aeroporto, Serra chegou por volta das 16 h no Pelourinho, onde as principais lideranças de tucanos e democratas o aguardavam ao lado de uma aguerrida militância e muita batucada. Junto com os candidatos da chapa majoritária da aliança DEM-PSDB, Paulo Souto (governo), o ex-prefeito de Guanambi, Nilo Coelho (vice), além de José Carlos Aleluia e José Ronaldo (Senado), Serra posou para fotos e ensaiou algumas batidas num tambor da charanga dos militantes. Pouco a pouco ele ajustou as batidas, como se quisesse mostrar o ritmo da sua campanha.
Em poucos instantes Serra se dirigiu para o Restaurante do Senac para anunciar o seu Plano Nacional de Segurança. Com todos os espaços tomados, público e políticos se acotovelaram pelos corredores estreitos e ouviram atentamente o discurso do tucano. “Vim aqui apresentar as principais idéias para reduzir a criminalidade no Brasil, onde 45 mil pessoas morrem por homicídios todo ano”, disse, apresentamos vários dados sobre a criminalidade no país para, em seguida, listar as principais idéias do Plano.
Entre os pontos do seu Plano e Segurança, que resulta na criação do Ministério da Segurança, Serra destacou: criação de um registro nacional para o cidadão; controle de fronteira; investimento em tecnologia, informação e inteligência; investimento em recursos humanos (policia), com remuneração, treinamento e qualificação; prevenção do crime, com cursos para mostrar os efeitos da droga; cursos profissionalizantes (educação); investimento forte nas áreas de esporte e cultura; plano de apoio às vítimas; construção de mais presídios, adoção da videoconferência, entre outros.
“A criação do Ministério da Segurança é justamente o resultado desses requisitos. E será um ministério comandado por gente do ramo”, prometeu Serra. “Segurança e Saúde são os dois principais problemas do Brasil, hoje em dia. Se existe um ministério para a Saúde, e na segurança há um problema deste tamanho, vamos criar um ministério também”, justificou, sendo bastante aplaudido pelos presentes.
Universidade Mundial de Segurança
Ao encerrar o discurso, Serra foi até o restaurante Cantina da Lua, onde tirou fotos com populares e tomou água de coco. Ele voltou a afirmar que as drogas entram no Brasil pela Bolívia e que é preciso que o governo federal acione a diplomacia para resolver o problema. “Não sou eu que digo, foi o chefe da Policia Federal que falou isso. Então, o governo deveria usar a pressão diplomática sobre a Bolívia para acabar com o problema. Nós não fazemos tantas coisas boas para eles?”, questionou.
Afirmando que é preciso escalar a policia “para tomar conta da fronteira do Brasil para combater a entrada das drogas e armas”, o candidato defendeu as idéias que apresentou. “O Plano de Segurança não é um compromisso nem uma promessa: é um anúncio. Vamos estimular o debate nacional e esperamos que outros candidatos copiem”, disse, numa indireta à candidata do PT, Dilma Rousseff, que acusou de vir copiando algumas de suas idéias. Serra ainda disse que “um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) defende a criação de uma Universidade Mundial da Segurança, e eu aprovo”.
Souto diz que violência remete ao cangaço
Antes de Serra anunciar o seu Plano de Segurança, o candidato ao governo pela aliança DEM-PSDB, Paulo Souto, voltou a criticar a onda de violência na Bahia. “No nosso estado o crescimento do número de homicídios é de mais de 50%, um verdadeiro descontrole. As cidades do interior são tomadas por bandos que rememoram o tempo do cangaço, o tempo de Lampião”, comparou, numa critica direta ao atual governo.
Souto também elogiou o plano lançado por Serra e se mostrou esperançoso que a ideia ajudará muito a mudar o quadro no Brasil e na Bahia. “Estou estarrecido. Num debate aqui, Serra, o governador falou que o craque só tem dois caminhos: a cadeia e o cemitério. Não se fala em programas de combate ou recuperação”, disse, numa alusão a uma declaração do governador Jaques Wagner sobre o combate às drogas durante o debate da TV Bandeirantes. “Esse local aqui representa uma parte da cultura, da identidade da Bahia, que foi recuperado pelo ex-governador Antônio Carlos Magalhães em 1991”, lembrou Souto, insinuado que o Pelourinho está abandonado.
Na sua sexta visita á Bahia, Serra foi recepcionado também pelo senador ACM Júnior, os deputados ACM Neto, Jutahy Júnior, João Almeida (federais), Sergio Passos e Paulo Azzi (estaduais), do presidente do PSDB, Antônio Imbassahy, o prefeito Tarcizio Pimenta (Feira de Santana), além de vereadores e lideranças. Antes de voltar para São Paulo, Serra ainda concederia uma entrevista a uma emissora de rádio.
Por Evandro Matos – especial para a Tribuna da Bahia e o Interior da Bahia