A São Paulo emparedada ao vivo e sem cores
De tanto abrir supermercados e “shoppings centers”, a cidade de São Paulo está com seu centro degradado e cheio de drogados, mendigos e desempregados, bem como muitas lojas fechadas, pichadas e até muradas. Quase um lugar fantasma fazendo medo a gente passar até de dia. A famosa Avenida São João, cantada por Caetano Veloso, Tom Zé e o nosso Milton Britto, dá pena de tantos lugares fechados e degradados. Não tem mais cinemas (só de pornográficos) e seus teatros são de “stripers teases”. E é um fedor sem conta com tanta gente dormindo nas calçadas e sob marquises envoltas em cobertores imundos. Embora com bom policiamento, não se está livre de um assalto.
E a sujeira continua pelos lados do Anhangabaú, Parque d. Pedro II, Praça da Sé, Liberdade, sem chegar ao abandono e a degradação do Centro Histórico de Salvador com prédios desabando a qualquer chuva. Enquanto isso, muitos bairros como Santana, Mooca, Santo Amaro ostentam vários lançamentos imobiliários com seus terrenos valorizados. São Paulo sempre teve bairros com vida própria e assim faz com que seus habitantes não precisem ir ao centro. Só em alguns casos. O Metrô tem muitas linhas e, junto com as ferrovias, interligam muitos lugares.
Entretanto, há muitos bares e restaurantes por todo canto. Come-se bem e relativamente barato com variedade. Uma das diversões do paulistano com uma cidade sem praias é comer bem e luxar. O frio ajuda nas roupas. O restante é museu, teatro, cinema, “shows”, feiras, exposições e manifestações culturais.
Os auxílios do governo Federal, como Bolsa Escola, Bolsa Família e outras, que são verdadeiras rendas no Nordeste, aqui são apenas esmolas e assim não contagiam o povo. Quem trabalha, ganha mais do salário. E tem emprego para quem pode e quer trabalhar. Na construção, já estão trazendo pedreiros de fora e de outros países, depois de aproveitarem mulheres.
É loucura a Bienal
Até as editoras especializadas em livros científicos, jurídicos e financeiros colocam também em seus catálogos publicações infanto-juvenis. E a Bienal, que foi encerrada domingo, tinha muitas escolas e jovens comprando e lendo. Foi visitada por mais de 700 mil pessoas e muitas editoras venderam tudo que levou. São Paulo, de fato, é outro país.
O professor investe em sua carreira e formação e as crianças procuram discutir coisas do aprendizado. Corri os estandes três dias e não consegui ver tudo. Nem os títulos. E tem a programação de autógrafos, lançamentos, apresentações musicais com letras literárias. O estende da Bahia quase não tinha livros e as nossas universidades não mandaram os livros que editam. Vi apenas uma prateleirinha em baixo da UEFS com uns dez títulos no estande das Universidades.
Depois, o folclore
Domingo, dia 29, mais uma “Caminhada do Folclore” que a UEFS promove com muitos grupos. Está virando uma geléia geral com grupos influenciando outros e muita gente fantasiada de figura. É válida no sentido de fazer o povo olhar para nossas tradições e costumes.
O Folclore é dinâmico e muda com os tempos e situações. Assim, surgem muitos grupos para-folclóricos que aproveitam o incentivo para fazer movimento. No ano passado, a “Caminhada” foi pela manhã e à tarde houve a “Parada Gay”, o que motivou muito gente para aproveitar e já ficar levinha e inspirada para mais tarde na rua.
A coordenação informou que já tem mais de cem grupos inscritos, sendo que a metade é do Município de Feira de Santana.
Franklin Maxado – franklinmaxado@ig.com.br (de São Paulo). É jornalista, advogado, ex-diretor do Museu Casa do Sertão (Uefs), cordelista e xilogravurista.