O veículo levava cestas básicas, bolas de futebol e farto material de campanha dos candidatos apoiados pelo prefeito Lauro Falcão e pelo próprio vereador, especialmente o estadual Tom e o federal João Leão.
Segundo o policial militar Lindoval, o vereador estava em outro veículo, e quem conduzia o seu carro, um corsa de placa CSE 1850, era seu amigo Antonio Passos (Barata).
De acordo com as últimas informações do boletim liberado pela Polícia, houve uma denúncia anônima, e a promotora informou à delegacia de Riachão do Jacuipe, autorizando que os carros e todo material neles encontrado fossem apreendidos. O motorista Antonio Passos também foi autuado por dirigir sem carteira de habilitação.
Além do vereador Boca e do motorista Barata, mais cinco pessoas também foram ouvidas por agentes da Policia Civil, entre elas, o primo do prefeito Lauro Falcão, Luiz Daniel, que também estava em um dos automóveis apreendidos com o material.
“Eu estava passando por acaso e ví a polícia abordando meu carro, e perguntei o que estava acontecendo”, se defendeu o vereador Boca, informando que as cestas básicas seriam destinadas a um projeto social da cidade.
Contudo, para a Justiça é muito suspeito diante da denúncia e véspera do pleito eleitoral, pois, ainda segundo informações do boletim, além de cestas básicas, no automóvel dirigido pelo vereador Boca também foi encontrado uma grande quantidade de propagandas dos candidatos apoiados pelo prefeito e pelo vereador.
Suspeito
Após a noticia se espalhar na cidade, muitas pessoas foram à delegacia. Alguns aliados do vereador Boca tentaram intimidar o trabalho da imprensa, inclusive impedindo que se fotografasse o material apreendido. Para não ser fotografado, quando dava seu depoimento, o vereador Boca se escondeu o tempo todo atrás de duas mulheres, que obstruíam a ação para as fotos.
A promotora Ana Luzia determinou a prisão dos carros e do material. Os acusados só foram liberados por volta de 1h da manhã, depois de serem ouvidos. O vereador Boca foi liberado com a condição de retornar à delegacia e responder a acusação de crime eleitoral e compra de votos. A Promotoria abriu um inquérito e o vereador pode perder o mandato por acusação de compra de voto.
O material seria distribuído no bairro da Bela Vista, uma das bases construídas por Boca nas eleições de 2008, quando também foi acusado por várias pessoas das regiões onde ele atuava de distribuição de material de construção, cestas básicas e até dinheiro em troca do voto. Da Rua Barão do Rio Branco, no Alto do Cruzeiro, onde mora, Boca controlava um forte esquema de distribuição do material, além da Bela Vista.
Com a transferência do juiz Volnei Perrucho, a cidade vive um novo momento político. Apesar de ainda não ser o desejado pelos moradores, há melhoras em relação ao cumprimento das normais eleitorais e este caso da detenção do vereador Boca já é um bom exemplo.
Por Laura Ferreira