Diferentemente da maioria esmagadora dos grandes da história do futebol, o ex-camisa 10 do Santos e da seleção é quem menos tem contato com a redonda.
Ok. Ele continua ganhando muito dinheiro justamente por seu papel de garoto-propaganda, em alguns casos em eventos relacionados ao futebol, como na Libertadores, onde tem breves aparições com um terno vermelho de discutível gosto.
Mas Pelé não é como Maradona, que gostou do gosto de ser treinador e vive mendigando um emprego, inclusive na seleção argentina.
Nem é como Beckenbauer e Platini, que viraram cartolas poderosos. Também não lembra o português Eusébio, que na última Copa era uma espécie de motivador psicológico de sua seleção.
Virar comentarista, o caminho preferido de muitos ex-craques, também não atrai mais Pelé. Depois de não empolgar em outras experiências, como na Copa de 1994, quando foi da equipe da TV Globo, Pelé neste ano só gravou programinhas de um minuto para o SBT, que nem tinha os direitos de transmissão do evento.
O primeiro Mundial africano também foi colocado em segundo plano pelo maior atleta negro da história. Por razões comerciais –Pelé tem contrato com a Mastercard, concorrente da Visa, que patrocina a CBF–, o ex-camisa 10 não foi visto nos principais eventos sul-africanos.
Até nas coisas mais simples de serem feitas Pelé tem menos intimidade com a bola. Na geração anterior dos meninos da Vila, Pelé era figura fácil em seu camarote na Vila Belmiro. Agora, o ex-jogador pouco vai ao estádio para ver o time de Neymar.
Questões da política esportiva são outro ponto em que Pelé não age mais como antes –ele foi ministro do Esporte no governo FHC (1995-1998), quando elaborou a lei que leva seu nome. Recentemente, a Lei Pelé foi alterada no Congresso, mas a reação de seu idealizador esteve longe de ser agressiva.
Quando o Brasil foi eleito para sediar a Copa-2014, em 2007, a CBF anunciou com pompa que Pelé seria uma espécie de embaixador da organização, até com a possibilidade de remuneração.
Três anos depois, a falta de sintonia é constrangedora. Recentemente, a CBF disse que não encontrou o Rei para entregar um convite.
Pelé ainda deu o bolo na CBF em outro evento mais boleiro. No primeiro amistoso da era Mano Menezes, em Nova Jersey, ligou para a entidade dizendo que gostaria de visitar o time no hotel. Vários horários foram marcados, mas ele não apareceu.
Até na celebração de seus 70 anos Pelé pouco vai aparecer ao vivo. Segundo sua assessoria, o ex-camisa 10 recusou todos os pedidos de entrevista e viajará em breve para o exterior para cumprir compromissos comerciais.
Informações da Folha Online