“Nunca mais vou conseguir dormir porque desde nascido ele dorme comigo”, completou, enquanto um familiar o avisava da chegada do corpo do garoto Joel da Conceição Santana.
Indignado com a postura dos policiais, que negaram socorro à criança, o pai do capoeirista desabafava abraçado ao outro filho, Jeandeson Castro. “Será que esses agentes não têm filho? Quero justiça!”. Mais de duzentas pessoas, entre familiares e vizinhos, participaram da missa em homenagem a Joel.
Eles também protestaram contra a ação policial, caminhando com faixas ao som do berimbau. O sepultamento do garoto aconteceu às 11h30 desta terça-feira (23), no Campo Santo, na Federação, seguido por uma caminhada pelo bairro em mais uma manifestação.
Reivindicações
Além de criticar a ação dos agentes da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), os moradores do Nordeste cobram também uma resposta das autoridades.
“O governador Jaques Wagner soube utilizar a imagem do Joel para a propaganda de Turismo do Estado no verão do ano passado, mas agora, depois da morte de um garoto como esse, não aparece para nos dar explicações”, declarou Jorge Anderson Nascimento, conhecido como mestre Pica Pau.
Outra moradora do Nordeste, uma professora que vive na região há 40 anos, contou que é comum a ocorrência de ações truculentas por parte da Polícia Militar no bairro.
“Ainda este ano eles chegaram, colocaram arma de fogo na cabeça dos alunos da Escola Anita Barbuda e obrigaram eles a deitarem nas fezes dos cavalos. Amedrontados os jovens deitaram e saíram rindo. Eu tive que intervir, e fui ameaçada”, acusou, pedindo para não ser identificada.
Segundo a professora, na noite da morte de Joel os PMs chegaram mandando todo mundo fechar as casas e atirando para cima. “Não houve troca de tiros, os bandidos fardados chegaram atirando. Eles são tão covardes que viram apenas a sombra do nosso pequeno capoeirista e balearam ele. Se você for no local a casa da família está cheia de marcas de tiro”, disse.
Investigação
O secretário de Segurança Pública do Estado, César Nunes, afirmou na tarde da terça-feira (23), em entrevista ao jornal Bahia Meio Dia, da TV Bahia, que a titular da 28ª delegacia no Nordeste de Amaralina, Jussara Souza, vai apurar com todo rigor os fatos ocorridos.
”Estávamos com a delegada vendo as perícias para provar quem efetuou os disparos contra o menor, isso não vai ficar sem esclarecimento. Estamos adotando medidas e vamos procurar as testemunhas para desvendar esse fato lamentável”, assegurou. Será?. Informações do Correio.