Esporte

Rapidinhas-Ba-Vi torcedor: uma estrela pra brilhar, outra tem que se apagar

Um vai ou outro vem…

Pois bem. Foi isso que o aconteceu com o futebol da Bahia neste ano de 2010. Depois de anos penando na Série B, com direito a um passeio no quintal da Série C, o Bahia volta à Série A, ou seja, à elite do futebol nacional, enquanto o Vitória cai no rebaixamento.

Tente outra vez

Mas a vida, também, e o próprio Raul, nos ensina outras coisas como humildade, paciência e perseverança. Quem já ouviu “Tente outra vez” jamais se abateria com as gozações dos torcedores do Vitória, que desqualificavam os tricolores de todas as formas. Segunda Divisão, Jahia, Time de Itinga eram os adjetivos mais carinhosos.

O tempo, o tempo…

“Tempo, tempo, tempo”, como diz outro poeta baiano, o tricolor Caetano Veloso, que gritou várias vezes, mas não foi ouvido. Arrogantes, os rubro-negros se achavam e nem aí… Parecia um reinado sem fim e, por isso, certamente, comandavam uma humilhação sem limites. 

Cinco minutos depois

Sem olhar para o próprio umbigo, em 2007 os torcedores do Vitória explodiram fogos sobre os prédios de Salvador assim que o Bahia foi rebaixado para a Série B. Cinco minutos depois, num jogo calculado para terminar mais tarde, o Vitória também estava rebaixado. “Tempo, tempo, tempo” que os mais apressados teimam em não esperar.

Supremacia

 

O Vitória retornou mais rápido à elite do futebol brasileiro e deixou o Bahia penando na Série B. E venceu vários campeonatos estaduais, tirando proveito de uma diretoria incompetente do adversário e um time sem dinheiro para engordar o seu orçamento. Mais e mais humilhações.

E se?…

 

Agora em 2010 quis o destino inverter os papéis e fazer os que refletem a vida se lembrarem da canção de Raul, se é que sabem que ela existe. No meio da disputa dos dois campeonatos brasileiros, das séries A e B, com o Bahia cada vez mais seguro de que subiria, surgiu um grande e curioso questionamento: e se o Vitória descer?

Troca de posição das estrelas

E desceu. Seria a estrela que se apagava dando lugar a outra que reacendia. Claro, não faltaram as gozações, porque os torcedores inconvenientes não estão somente de um lado. Porém, diante da avassaladora ironia dos últimos anos, não se poderia deixar o fato passar despercebido. E agora, quem é mesmo Jahia, quem é mesmo Série B? “Tempo, tempo, tempo”, que não esperaram, mas só ele vai explicar.

A vida prega…

 

É isso. Essa vida nos prega cada uma. Tanto que muitas vezes não adianta tanto orgulho, tanta soberba, tantas ironias. É que o tempo, tempo, tempo é o senhor da razão.

Filmes

 

Nesse instante, passa nas nossas cabeças vários filmes. Aquele dos torcedores do Bahia chorando na arquibancada, desesperados; ou aquele do presidente que nem sabia dar entrevista. Lembram do Petrônio Barradas?

A tragédia de Fonte Nova

Outras imagens remetem à tragédia da Fonte Nova, a eterna casa do Bahia, os sete mortos na tragédia de 2007, o clube sem estádio, órfão, sem casa, sem pai, sem mãe, sem patrimônio. Apenas com uma grande e apaixonada torcida.

O arrogante

 

Roda mais imagens de um Jorginho Sampaio, então dirigente do Vitória, esnobando o Bahia, negando o estádio Barradão para o tricolor jogar. Surgem imagens do Jóia da Princesa, em Feira de Santana, do time perdendo e deixando de vencer jogos fáceis por falta de uma identidade…

O ‘safado’

 

Do “safado” do Paulo Cezar Oliveira, roubando a favor do Brasiliense, tirando a oportunidade do tricolor subir, em 2004, com mais de 100 mil dentro da Fonte Nova.

A inocente

 

Imagens de uma criança de 3 anos, que, com muita personalidade, pega uma camisa do Bahia e vai para a porta de sua casa desafiar quem lhe desafiasse deixar a sua paixão.  

O último filme

 

Agora, a escola da vida roda o último filme. O Bahia sobe ao palco e o Vitória vai para a fila. E a vida segue, exigindo de nós, a cada dia, renovar os nossos conceitos e a nossa humildade. Tudo isso porque o tempo, tempo, tempo…

Eu conheço bem a fonte

 

Que o Bahia não pense diferente. E que o Vitória, os seus dirigentes e boa parte da sua torcida, aprendam. Porque, certamente, ainda haverá tempo. E, como disse Raul, “você tem dois pés para cruzar a ponte / Nada acabou”.

Por Evandro Matos

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo