Uma delas dá conta de que o democrata estaria disposto a criar uma nova sigla ao lado do senador mineiro Aécio Neves. Os dois estão insatisfeitos com as relações dentro dos seus partidos, o DEM e o PSDB.
Em nível nacional, se a noticia tiver fundamento, é certo que outros políticos de grande envergadura também sigam a idéia. Assim, amigo quase fraterno de Aécio, o deputado federal Ciro Gomes seria um nome certo nos quadros da nova legenda.
Sem muito espaço dentro do PSB, onde o governador Eduardo Campos – atual presidente do partido – ajudou a minar a sua candidatura à Presidência em outubro, Ciro tem permanecido calado, mas guarda dentro de si um tanque de mágoas.
Além de ter transferido o seu domicilio eleitoral para São Paulo, a pedido de Lula, o deputado cearense foi impedido de sair candidato à Presidência da República. No segundo turno, mesmo contrariado, participou da campanha da petista Dilma Rousseff. Agora, na formação do ministério, nada para Ciro. Ou seja, parece que Lula queria mesmo tirar o cearense do seu caminho.
Outro político nordestino que deve aderir à nova proposta partidária é Cássio Cunha Lima, ex-governador e eleito senador pela Paraíba em outubro passado, embora esteja aguardando julgamento do STF para poder ser diplomado em razão de indefinição sobre a Lei da Ficha Limpa.
Na Bahia
As relações do deputado ACM Neto sempre foram melhores com Aécio do que com o ex-candidato à Presidência José Serra. Dentro do DEM, Neto segue a corrente do atual presidente Rodrigo Maia, mas mostra-se insatisfeito com a atual situação dos democratas.
O parlamentar baiano teria ficado insatisfeito com a decisão da cúpula democrata, que, influenciada pela ala serrista, representada pelo prefeito Gilberto Kassab, queria Maia fora do comando da legenda antes do fim do seu mandato. A situação foi contornada, mas Neto e Aécio, que se encontraram em Brasília nesta terça-feira (07), estariam em busca de uma nova alternativa partidária.
Caso essa hipótese não se confirme, comenta-se também que ACM Neto pode desembarcar no PR do ex-governador e atual senador César Borges, com quem mantém uma boa relação.
Há ainda a especulação de que Neto teria recebido o convite de dois grandes partidos para se filiar. As apostas recaem sobre o próprio PSDB e o PMDB. Mas as situações dos comandos regionais devem complicar um avanço nesse sentido.
Aliado confirma conversa
Nesta sexta-feira (10), de passagem pela Assembleia Legislativa, o deputado estadual eleito Bruno Reis (PRP), pupilo de ACM Neto, confirmou que existe a movimentação, e que uma das possibilidades do deputado federal é aderir á proposta de criação de um novo partido. “Essa é uma das possibilidades”, comentou.
Reis, contudo, adiantou as dificuldades, principalmente o tempo para que tudo seja concluído até as futuras eleições, com o partido já estruturado. “Há muitas coisas para serem seguidas e tudo tem que ser bem pensado”, revelou.
Ele disse ainda que é preciso esperar uma provável reforma política no Congresso, que alteraria a atual regra do tempo de televisão e rádio. “Há uma proposta para que os deputados que se transferirem para uma legenda nova levem o tempo de televisão”, observou Bruno Reis.
Caso haja mesmo a criação de uma nova agremiação política, o aliado de ACM Neto disse que cerca de 30 deputados federais devem aderir à nova proposta partidária.
Defesa de Jutahy pode ser sinal
O deputado federal ACM Neto disse nesta sexta-feira (10) não acreditar que o deputado Jutahy Júnior (PSDB) esteja envolvido em qualquer irregularidade investigada pela Polícia Federal. A declaração parece justa, mas o momento político soa também como um recado de aliados.
“Conheço Jutahy Júnior há muito tempo e sei da sua correção na vida pública. Ele jamais precisaria comprar voto para se eleger”, afirmou o democrata, lembrando que o tucano está no quinto mandato na Câmara Federal.
“O deputado Jutahy Júnior já foi ministro, é um parlamentar atuante e que nunca esteve envolvido em qualquer irregularidade. Acredito que as explicações dadas por ele são suficientes para esclarecer esse fato”, declarou Neto, que é corregedor da Câmara Federal.
Por Evandro Matos
