Segundo informações de Cláudio Lima, diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindipoc), “os policiais só voltam ao trabalho após o governo apresentar presos na Corregedoria os agentes que executaram o colega Valmir”.
Lima afirma que o policial foi executado com tiros pelas costas pelos agentes da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE). Eles protestam contra a ação dos colegas, já que acreditam que Valmir poderia ter sido preso sem a necessidade do uso da violência.
Nesta quinta-feira (4), outros dois agentes envolvidos na ação e que estavam em comapanhia de Valmir serão ouvidos na Corregedoria da Polícia Civil. Os policiais saíram da assembléia em passeata com destino à sede do Ministério Público Estadual, no bairro de Nazaré. O corpo de Valmir será enterrado às 15h no cemitério Bosque da Paz.
Entenda o caso
O policial civil Valmir Borges Gomes, 54 anos, foi morto por colegas da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), durante um confronto por volta das 21h30 de ontem, na Avenida Paulo VI, no bairro da Pituba. Agente da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), Valmir estava em um Volkswagen Gol com dois homens quando foram surpreendidos pelos policiais da DTE, que investigavam o envolvimento dos três em crime de extorsão.
De acordo com a delegada Iracema Silva de Jesus, titular da Corregedoria da Polícia Civil (Correpol), Valmir e os outros ocupantes do carro reagiram a abordagem. Segundo moradores, o confronto foi intenso e vários carros foram atingidos, além de fachadas de prédios. Em pânico, algumas pessoas chegaram a invadir outras casas e estabelecimentos comerciais para se proteger do tiroteio.
A corregedora-chefe informou que a vítima da extorsão é um jovem de 18 anos, que foi flagrado com lança-perfume pelo policial e seus comparsas. A princípio, Valmir pediu R$ 10 mil, mas acabou aceitando R$ 3 mil. O pai do rapaz, entretanto, denunciou a extorsão à DTE já que os criminosos se apresentaram como agentes da delegacia.
Os policiais da Entorpecentes, então, armaram o flagrante na Pituba onde houve o tiroteio. Baleado, Valmir foi socorrido ao Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, mas não resistiu.
No carro, policiais da DTE encontraram coletes e rádios comunicadores. Pouco depois do confronto, houve uma intensa mobilização na Corregedoria da Polícia Civil, na Chapada do Rio Vermelho, onde foi registrado o auto de resistência. Os delegados Nilton Tornes, titular da DRFR, e Carlos Hibib, titular da 16ª Delegacia, na Pituba, acompanharam o trabalho. Com informações do repórter Bruno Wendel do Correio.