História

Jornalismo baiano de luto: morre Francisco Aguiar, Diretor da Tribuna da Bahia

Do Diário de Notícias à Tribuna da Bahia, Francisco Aguiar, diretor executivo da TB, sempre chamou atenção dos colegas de redação pelo espírito jovem e pelas brincadeiras.

A experiência que acumulou ao longo de anos de batalhas nas fronteiras da notícia o transformou num exemplo a ser seguido pelos jovens que iniciaram suas carreiras na Tribuna.

Chico teve em seu currículo uma trajetória brilhante e com certeza sua falta vai deixar uma lacuna nos corações dos profissionais da Tribuna da Bahia e dos jornalistas da Bahia. Uma das últimas entrevistas que Chico concedeu em vida foi publicada na edição especial de 40 anos da Tribuna da Bahia.  Aguiar faleceu às 21h30 do último sábado, no Instituto Bahiano de Ortopedia e Traumatologia (Insbot), em Salvador.

Chico sempre destacava a importância do lado social e elogiava a participação da Tribuna em campanhas como o combate ao fumo e o apoio às Obras Sociais Irmã Dulce.

“A Tribuna é um veículo que tem história e está presente nos lares baianos”, mencionou uma vez. Chico começou a exercer a profissão na década de 1950, nos veículos Diário de Notícias e Estado da Bahia. “Depois, fui contratado para trabalhar na TV Itapoan. Usei de minha experiência no campo profissional para ajudar nos trabalhos de fundação da emissora. Exerci a função de chefe de Jornalismo e trabalhei na Rádio Sociedade e no departamento de esportes da emissora”, dizia.

Chico Aguiar recordava que o começo da carreira foi muito difícil. Trabalhava de domingo a domingo, mas se sentia realizado pela “missão” que escolheu desempenhar. “Sinto-me realizado pelo trabalho que desempenhei ao longo de minha carreira no mercado de comunicação da Bahia. Deixei o jornalismo para me dedicar à área comercial”.

Sua ida à Tribuna da Bahia aconteceu em 1978, quando assumiu o cargo de diretor comercial no jornal. “Na época Joaci Góes estava à frente. A Tribuna já se destacava dentre os demais veículos baianos pela seriedade do corpo funcional e também em virtude do talento da redação, composta por jornalistas, repórteres, editores, enfim toda uma equipe muito motivada e interessada”, lembrava.

Chico inovou a cara do jornalismo da Tribuna incorporando o conceito de realização e comercialização dos cadernos especiais.  Dentre os momentos que considerava marcantes na história da Bahia e que a Tribuna cobriu em suas páginas ele destacava a eleição do governador Jaques Wagner, numa vitória memorável, desacreditando as pesquisas eleitorais que na ocasião apontavam a vitória do opositor Paulo Souto. “Com certeza este foi um momento marcante”..

Diretor-presidente lamenta perda

Em viagem ao sul do país, Walter Pinheiro, também presidente da Associação Bahiana de Imprensa, assim se pronunciou sobre a morte do diretor executivo da Tribuna, Francisco Aguiar:

 “Quis Deus, com a sua grande misericórdia, colocar-me a distância deste momento final do querido Chico Aguiar, minorando um pouco a imensa tristeza que o seu passamento me traz. Fica, assim, na memória, a imagem altiva de um grande amigo e companheiro, que muito contribuiu para a nossa Tribuna da Bahia, fez da esperança, do otimismo, da solidariedade, agentes permanentes do bom viver, e soube dignificar sua longa passagem pela radiofonia e jornalismo baianos –  entrando para a história como um ser humano exemplar em todas as missões que abraçou.Para todos aqueles que o amaram, elevo preces a Deus para que os conforte neste momento de dor”.

Faltam-me cócegas

 Ele entrava de forma sorrateira na Redação, arrodeava a mesa ocupada pelo seu alvo e, pimba! Atacava. Não feria, não ralhava, não trazia nenhuma notícia má. Apenas fazia irresistíveis cócegas (e sabia o ponto fraco de cada um), de modo a nos levar, de um fingido muxoxo de protesto inicial, a gargalhadas compartilhadas por ele e pelos colegas em volta.
Assim era Chico Aguiar em suas visitas diárias à redação.

Conheci Chico em 1975, quando, ainda adolescente, iniciei minha primeira fase nesta Tribuna.
Hoje, em temporada forçada em São Paulo para cuidar de alguns problemas de saúde, felizmente todos contornáveis, sinto na pele o peso do passar dos tempos, mas, ainda que de forma irracional, recuso-me a aceitar a inexorabilidade da natureza.

Por isso, digo que meu grande amigo partiu cedo, ainda que tendo vivido mais de oito décadas.
Prezado Chico, onde quer que você esteja, saiba que mais do que nunca, neste momento, me faltam, e muito, suas cócegas.

Descanse em paz, mas com aquele sorriso matreiro de fazedor de alegria.

 Alex Ferraz – Editor Executivo

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