A TV Record declarou guerra aberta ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Depois de exibir no domingo (12) uma reportagem de nove minutos na qual acusava o “chefão do futebol brasileiro” de ter sido subornado com US$ 9,5 milhões (R$ 16 milhões), a emissora voltou a atacar o cartola nesta segunda-feira (13), na estreia a série “Cartolas: Jogo Sujo”, no “Jornal da Record”.
Segundo a Record, Teixeira fez um acordo para devolver a propina. A emissora diz que teve acesso a jornalistas que manusearam documentos secretos que incriminam o presidente da CBF. Procurado, Teixeira não quis se pronunciar.
Na noite desta segunda-feira (13), os repórteres do “Jornal da Record” apresentaram novas supostas provas de corrupção contra Teixeira, inclusive detalhes sobre investigações que vêm sendo feitas na Suíça.
Nesta terça o alvo será o Corinthians e sua ex-parceira MSI. A empresa de investimento e o time paulista trabalharam juntos entre 2004 e 2007.
Guerra de times começou na TV
O bombardeio da Record à CBF vem sendo preparado pelo menos há dois meses, desde que a Globo, com apoio de CBF e Corinthians, conseguiu minar a licitação promovida pelo Clube dos 13 para escolher a emissora que teria exclusividade do Campeonato Brasileiro até 2014.
O C13 foi obrigado a fazer a licitação por ordem do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que, no ano passado, considerou que o modelo vigente até então beneficiava única e exclusivamente a Globo, eternizando-a no monopólio da transmissão do futebol brasileiro.
Ciente de que a única concorrente que tinha dinheiro suficiente para derrotá-la nesse leilão, a Globo passou a minar –sub-repticiamente– a licitação do C13. Para isso, contou quase que imediatamente com apoio do Corinthians, que rejeitou a tutela do C13 e negociou os direitos de seus jogos diretamente com a Globo.
A atitude corintiana surpreendeu o C13 e a Record, que já se aproximara de times como o São Paulo e o Atlético-MG, e serviu de efeito dominó: um time após o outro passou a fechar acordo diretamente com a Globo. No dia da entrega dos envelopes ao C13, surgiu ainda uma outra “novidade”: a jovem RedeTV! surgiria com uma proposta considerada “surreal”, de mais de R$ 1,5 bilhão pelos direitos, o que fez com que a Record pulasse fora da licitação também.
Assustados com a possibilidade de terem suas transmissões confinadas à emissora quarta colocada em audiência, e temendo perder boa parte de suas receitas, times como Palmeiras, São Paulo e Flamengo, entre outros, correram assinar com a Globo, o que ampliou a ira da Record.
Procurada, a Record nega que a série que vai estrear hoje tenha sido motivada pela disputa pelos direitos de transmissão, e diz que se trata apenas de “puro jornalismo”, dado o envolvimento de Ricardo Teixeira e outros cartolas em um escândalo internacional.