Natural de Jequié, na região Sudoeste das Bahia, mas morando entre o Rio de Janeiro e São Paulo nos últimos 20 anos, ela foi até a pequena cidade de Santo Antônio de Jesus, na região do Recôncavo Baiano, buscar inspirações para o novo trabalho.
“Foi onde meu pai nasceu. Fui até lá pegar um pouco da alma do local, e resgatar minha porção sertaneja. Deu certo. Consegui abrir minha sensibilidade para a personagem”, contou.
Em tom de fábula, o folhetim escrito por Duca Rachid e Thelma Guedes cria um paralelo entre o sertão brasileiro do início do século XX e um fictício reino europeu.
Neste contexto, Virtuosa é uma mulher do interior, guerreira e totalmente dedicada aos filhos Açucena, de Bianca Bin, e Cícero, de Miguel Rômulo. “Os conflitos dela são sempre relacionados aos os problemas familiares. Ela escondeu por anos o fato de sua filha ser a princesa Aurora, e agora ainda tem de lidar com o filho envolvido com cangaceiros”, explicou.
O que mais chama a atenção da atriz no atual trabalho é a mistura de histórias e referências contidas na trama. “É possível reconhecer no texto histórias de contos de fadas, literatura de cordel, clássicos nacionais e internacionais”, empolgou-se.
Para dar conta de tantas informações, o elenco foi presenteado pela produção com um livro revelando as inspirações das autoras e situando a época em que o folhetim é ambientado.
Além disso, Ana participou de intensas leituras do texto acompanhada por atores do seu núcleo, como Cauã Reymond e Enrique Diaz.
O passo seguinte para a construção da personagem foi a caracterização. Além da maquiagem, que faz com que a atriz pareça ter muito mais que seus 41 anos, Virtuosa usa longas saias, está sempre com os cabelos presos, e ostenta um olhar denso. “Ela é um retrato de uma herança cultural do Brasil. É uma mulher que oscila entre a força bruta e a fragilidade natural dos necessitados”, filosofou.
O atual personagem marca um novo momento na carreira de Ana. Apesar de estar em seu décimo quinto trabalho na TV, a atriz ainda é pouco conhecida entre os telespectadores. “É um papel super importante na trama. Com certeza nunca tive um destaque como esse”, comemorou.
Antes de chegar ao universo lúdico do folhetim das 18h, ela já tinha trabalhado em novelas de outras emissoras, como Xica da Silva, trama exibida pela extinta Manchete, em 1996, e Canavial de Paixões, do SBT, em 2003. Na Globo, Ana já pôde ser vista na minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos, de 1998, e na novela Cama de Gato, em 2009.
O ponto em comum de todos os trabalhos da atriz na Globo é Amora Mautner, diretora geral de Cordel Encantado. “Ela está envolvida nos meus trabalhos mais significativos”, confessou.
Feliz com a repercussão de sua personagem, Ana acredita que a forte caracterização que usa para interpretar Virtuosa faz com que o público não a reconheça pelas ruas. “É engraçado. Até algumas pessoas da equipe da novela ficam surpresas em me ver fora do estúdio”, contou, aos risos.
O trabalho para a novela segue em ritmo acelerado até setembro. Após isso, a atriz, que também é formada em Cinema, arquiteta sua volta ao teatro e pretende terminar de escrever sua dissertação de mestrado em Programas de Comunicação. “Estou sempre planejando coisas. Mas o foco agora é a novela, muitas surpresas ainda vão acontecer”, ressaltou.
Fonte: Geraldo Bessa (Portal Terra) / Foto: TV Press