Guerra recebeu nossa reportagem em um restaurante da Pituba e, em pouco tempo, dissecou as principais idéias que pensa sobre a Universidade, caso vença a eleição que acontece na próxima quinta-feira, dia 14. “Não posso pensar pequeno em relação à Uneb, temos que prensar grande, porque ela tem que ser uma referência no Estado”, adianta o professor, nascido em Salvador, “mas também com os olhos voltados para a caatinga” (fez mestrado e doutorado sobre a temática de Canudos).
No seu projeto, Sergio Guerra enumera as propostas que julga fundamentais para mudar os campi da Uneb do Cabula (Salvador) em Euclides da Cunha, Conceição do Coité, Juazeiro, Serrinha e tantos outros.
A primeira preocupação dele é fazer com que se pense a Uneb a partir do campus do Cabula. “A Uneb tem a obrigação social de ser uma locomotiva para puxar os outros vagões na Bahia. Para isso, precisa ter um reitor que diga ao governo que nós temos condições de elaborar políticas para Salvador a partir do Cabula”, afirma.
“A Uneb tem que construir a resistência na área de educação. Tem que ter qualificação de políticas de professor, como mestrado e doutorado. Precisa planejar um mestrado para todas as regiões, mas, para isso, precisa ter gente que pense do tamanho da Bahia”, acrescenta.
Metralhadora de idéias
Como uma metralhadora, Sergio Guerra segue as suas queixas, indignado, mas sempre apresentando sugestões. Ele sonha com as Bibliotecas Regionais (antenadas com a Secretaria de Cultura do Estado). “A Uneb tem que ser cabeça de rede para executar políticas e ter um projeto de capacitação sociocultural. Qual a política cultural da Uneb? Você conhece? Eu não conheço. Cadê as pesquisas que a Uneb faz? Cadê o projeto?”, indaga.
“É um crime a biblioteca (do Cabula) ficar fechada sábado e domingo. Isso é pensar pequeno. Você chega na França, por exemplo, e encontra uma biblioteca aberta 24 horas”, explica.
Com os olhos voltados também para os campi do interior, Sergio Guerra sonha com um Festival de Arte e Cultura da Caatinga, nos mesmos moldes do que já colocou em prática no passado. Ele lembra o Projeto Caminhos dos Sertões, que ajudou a construir, que pode servir de referência para o incremento do turismo nas regiões de Euclides da Cunha, Monte Santo, Canudos e Uauá.
Guerra critica ainda a politica pedagógica e editoral da Universidade Estadual da Bahia. “Búzios, Canudos e Sabinada não estão nos livros de História da Bahia porque o estado não produz isso, mas a Uneb poderia fazer este trabalho”, propõe.
O professor diz ainda que “é preciso criar uma Fundação Uneb, com o controle da sociedade e nomeação do Conselho da Universidade, para fazer a administração dos recursos externos para pesquisa e extensão”.
Guerra diz que apóia a estrutura de multicampia da Uneb, “mas ela não pode ser eleitoral, tem que ter uma política de reposição social. Tem que ter unidade aonde você precisa mais. Se não tiver funcionando, tem que transferir para o local apropriado”. Com isso, ele aproveita para criticar o curso de Agronomia em Juazeiro. “Este curso é voltado para o agronegócio; falta inserir a agricultura familiar”, frisa.
Por que é candidato
Com o perfil de um sonhador e irriquieto, o professor Sergio Guerra é um homem de posições e ideologias convictas, por isso está emprestando o nome para mais um desafio na sua vida.
Pois bem. Foi a partir dessas convicações que ele foi procurado por estudantes e um grupo de Diretores de Departamentos da Uneb, além de amigos e correligionários para enfrentar a candidata da situação, que conta com o apoio do Reitor Lourisvaldo Valentim.
“A campanha tem um papel político-pedagógico. A candidatura nasceu de uma necessidade de se colocar uma alternativa para aqueles que não concordam com esse processo de candidatura única. Depois, para atender aos apelos de alguns alunos e de um grupo de professores e correligionários em vários campi”, revela. “Sou candidato para ganhar ou para perder. A Uneb precisa pensar grande. Por isso não admito uma eleição com candidato único”, acrescenta.
Questionado se como Vice-Reitor poderá colocar todas as suas ideias em prática, Sergio Guerra disse que sim. “Vice (Reitor) tem a força, tem voz e assento no Conselho Universitário”, explica. “Mas já consideramos (a disputa) uma vitória. A eleição de Vice-Reitor vai ter mais votos do que a eleição anterior para Reitor. Isso é que é construir a democracia”, exalta.
Por Evandro Matos – Especial para o Interior da Bahia (Foto: Antônio Olavo)