História

“Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade”; por Helvécio Mascarenhas

Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade

Saudades do Riachão:

Tia Donana Mascarenhas,

Vovó Quinha e outras tias,

(…)

E seu Fulô me contou

sobre Luis Carlos Prestes

e a chegada do Coluna

nas terras do Riachão,

chamados de revoltosos,

eles passaram por lá.

Foi a História do Brasil

Que vasculhou o sertão.

A Ação Integralista

com Tio Neco e seus discursos,

camisas verdes na praça

e o sigma no braço,

desfilando entre anuês,

longe o Chefe envaidecido

lá do Rio incentivando:

“Por Cristo e pela Nação!!”.

…assim foi o Riachão

dos cigarros Trocadero,

Iolanda, Branco e Azul,

Olinda e Arromba Peito,

feito de palha de milho,

e o velho fumo de corda

que é presente de Saci.

As festas de São João

e as velhas guerras de espada,

lindas festas dos vaqueiros,

prefeitura iluminada

com rainha missa e tudo

e a cidade emocionada.

Joel e Olney São Paulo,

meus amigos de infância,

aprendendo acrobacias

nos circos que lá chegavam,

vendo os artistas mirins,

o Armando e o Bolinha,

filhos dos palhaços

Pelanca e Parafuso…

Que linda infância a minha!

(…)

Os meus sonhos de garoto

Que deixei no Riachão:

Fazenda Barra do Vento

junto ao Tanque dos Velhacos,

onde namorei Maria,

a  Maria de Sinhô;

e a Fazenda do Angico,

onde eu brincava com as emas;

a Fazenda São João

com os seus ternos e reisados,

Vitrolas, discos antigos,

serenatas e saraus,

travessuras com Felícia

para vovó não saber

e nem Zezito contar,

ligar o rádio escondido

e dizer que foi Dió,

destravar o catavento,

ver Mensageiro da Fé

a as risadas de vovô.

Se aquele tempo voltasse…

Capitão Pedro Barreto,

Micaremes e cordões,

minha madrinha Sinhá,

filha de Iazinha,

também de lá se afastou.

Onde estão todos agora?

Dá vontade de chorar…

Se alguma coisa está errada,

culpem Sinhá Julinda

que a história me contou.

Por Helvécio Mascarenhas

Observação: fragmentos do poema “Riachão do Jacuipe: retrato de uma cidade”, apresentado à equipe do Projeto Cultural Riachão pela professora Maria Isabel Mascarenhas de Santana, prima do autor, que é sobrinho da professora Carmem Mascarenhas, todos já falecidos.

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