Política & Economia

“Que pena, Dilma!”, por Ricardo Noblat

Vai ver que cansaram de pedir providências contra a roubalheira e agora custam a acreditar no êxito de refreá-la.

Bem, aí quando apareceu gente disposta a dar uma força à idéia de Dilma… O que aconteceu?

Dilma fez cara de paisagem. Como se dissesse: “Quem? Eu? Combater a corrupção? Imagina! É claro que combaterei. Como o presidente Lula combateu… Mas, sabe? Isso é obrigação de qualquer governo. De qualquer um. Meu negócio é varrer a miséria do país”. Gracinha!

Dilma tem medo do quê? Dos políticos ladrões que a apoiam sentirem-se ofendidos e a abandonarem?

Do PT achar que seus mensaleiros só têm a perder com uma campanha contra a corrupção às vésperas de serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal?

Da lama a ser revolvida respingar em Lula sem querer? De acabar sobrando para ela mesma?

Não, não afirmo, sequer insinuo, que Dilma tenha protagonizado falcatruas ou se beneficiado de falcatruas cometidas por quem lhe devia obediência.

Falta esclarecer, porém, o caso de Erenice Guerra, que a sucedeu na Casa Civil. O filho de Erenice, com a anuência dela, traficou influência e fez lobby. A mãe perdeu o emprego. Dilma foi a última a saber?

Falta esclarecer também como conseguiram esconder de Dilma, sempre atenta ao que se passava nos ministérios mais poderosos, as 66 irregularidades em processos de licitação e contratos firmados pelo Ministério dos Transportes.

A União amargou um prejuízo de R$ 682 milhões. É muito dinheiro. Muito mesmo.
Nossos gatunos municipais, estaduais e federais não fazem nada barato. É por isso que a menção a pequenas quantias não nos sensibilizam mais.

Quem lembra o nome do diretor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos filmado no marco zero do mensalão recebendo propina?

Somente o Dr. Google lembra: Maurício Marinho.

De quanto foi a propina?

Maurício embolsou míseros R$ 3 mil.

No vídeo, conta que o roubo corria solto na empresa controlada pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB.

Jefferson viu na denúncia a digital do ministro José Dirceu, da Casa Civil. Aí deflagrou o escândalo que quase derrubou o governo.

Três anos depois de Maurício ter saído dos Correios para entrar na História, a Polícia Federal descobriu um novo esquema de fraude na empresa. Na ocasião, 16 pessoas foram presas, suspeitas de desviar R$ 21 milhões. Logo, logo foram soltas. Nenhuma foi julgada até hoje.

O dinheiro continua desaparecido. Como de costume.

O Dia da Independência foi marcado por tentativas espontâneas de marchas contra a corrupção. Só uma reuniu muita gente – a de Brasília, com mais de 25 mil pessoas.
O que animou quem ainda se preocupa com a ética na política assustou quem vive da política sem ética.

Dilma estava a poucos metros da barulhenta e colorida marcha dos 25 mil, onde não foi permita a presença de políticos e de bandeiras de partidos e entidades. Poderia ter dado uma espiadinha discreta – afinal a marcha foi em parte estimulada por ela com aquela história de “faxina ética”.

Mas não. Preferiu não ver. Uma pena.

Fonte: “Blog do Noblat”

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