Educação & Cultura

Rio: Jacuipense Olney São Paulo recebe homenagem hoje em evento multimídia

Ao todo serão exibidos quatro títulos de Olney, entre eles, “Manhã Cinzenta” (1968), obra que culminou em sua prisão pela Censura Federal. Além deste, também poderão ser vistos: “Grito da Terra” (1964), “Sob o Ditame do Rude Almajesto: Sinais de Chuva” (1976), e “Pinto Vem Aí” (1976). Esta é a 12ª edição do Tocayo que vai reunir cerca de 50 artistas, ocupando 5.000 m² de área com 12 horas de atividades culturais.

O baiano Olney São Paulo se apaixonou pelo cinema ainda cedo. Seu primeiro curta, “Um Crime na Feira”, foi feito aos 19 anos, e desde então não parou mais. Sua filmografia inclui oito curtas, três médias e cinco longa-metragens, entre eles, o “Grito da Terra”, lançado em 1964.

O filme foi o primeiro longa de Oney e abordava a realidade do nordeste brasileiro. Entre 1965 e 1967, o filme foi exibido em diversos festivais nacionais, mas acabou sofrendo cortes pela Censura Federal, por fazer menção à Luiz Carlos Prestes, na época, membro do Partido Comunista Brasileiro. Por conta disso, o produtor, Ciro de Carvalho, não aceita que o filme represente o Brasil em festivais internacionais, mas recebe prêmio do governo de Carlos Lacerda, o que lhes possibilita saldar dívidas bancárias e confeccionar uma nova cópia do filme, sem cortes, e exibi-la nos principais cinemas do Nordeste.

Realizado entre os anos de 1968 e 1969, “Manhã Cinzenta” é inspirado no conto homônimo de Olney e traz registro de alguns acontecimentos da época, feitos com um câmera 16mm e da documentação feita por José Carlos Avellar sobre protestos de rua. Para driblar a censura, Olney fez várias cópias do filme e as enviou para diversas cinematecas e festivais internacionais. Em 8 de outubro de 1969, um avião brasileiro é sequestrado por membros da organização MR-8 e desviado de Cuba.

Um dos sequestradores era membro da diretoria da Federação Carioca de Cineclubistas, presidida na época por Sílvio Tendler. Por coincidência, “Manhã Cinzenta” havia sido exibido a bordo e Olney acaba tendo seu nome vinculado pelas autoridades brasileiras ao sequestro. O cineasta é detido e levado para local ignorado, ficando incomunicável por doze dias. Liberado, em 5 de dezembro é internado, com suspeita de pneumonia dupla.

Os negativos e cópias de “Manhã Cinzenta” foram confiscados, mas uma das cópias é salva por Cosme Alves Neto, então diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde ficou escondida por vinte e cinco anos. Por conta disso, embora proibido no país pela Censura Federal, o filme foi exibido na Itália, no Festival de Pesaro, no Festival Internacional de Cinema de Viña del Mar, e na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes, em 1970.

O filme participou também da XIX Semana Internacional de Mannheim, onde conquistou o prêmio de melhor média-metragem. Alem disso, o longa também foi premiado no Festival de Oberhausen, na Alemanha, em 1972. Nesse mesmo ano, Olney é absolvido definitivamente das acusações relacionadas ao filme “Manhã Cinzenta”, porém morreu cedo, aos 41 anos, de câncer no pulmão. Informações de Dimas Oliveira. 

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