Eloá Hilda, 11, transforma os espinhos do mandacaru em salto alto para suas bonecas. Já Caio César, 9, brinca de Corre, cotia, outro bicho comum por lá.
O menino conhece também a brincadeira “Paca, tatu, cotia não.” Mas o guia e biólogo Waltércio Torres, que acompanhou a repórter da “Folhinha”, explica que “aqui na caatinga não tem paca. É Tatu, cotia, paca não”, diverte-se.
Lendas
Além das brincadeiras e dos brinquedos, a fauna e a flora inspiram lendas na região do Piauí.
As crianças ainda temem a Guabiraba, uma versão feminina do Caipora.
Agnaldo Ribeiro, diretor do Ponto de Cultura Culturart e estudioso das tradições locais, explica que guabiraba é o nome de uma fruta da região, que ainda serve de alimento para alguns caçadores. “Dizem que a caipora se transforma em uma mulher e aparece debaixo de um pé de guabiraba. Assim surgiu essa lenda”, diz Agnaldo.
Outra lenda bem temida pelas crianças é a do Pé de Garrafa, contada pelo pessoal mais velho. “É um homem de mais ou menos um metro de altura, que tem só um olho, no meio da testa, e tem um buraco no lugar do nariz”, explica Agnaldo.
A lenda varia de região para região, mas em todas recebe o nome de Pé de Garrafa, porque a criatura teria o pé redondo.
E tem ainda o Come Popa, uma criatura que destrói o bumbum dos jumentos. Como ela surgiu? Também a partir da fauna do lugar: tudo porque uma onça pintada teria maltratado um jumento.
A população diz que a lenda começou por causa de uma malcriação de um menino, que pediu colo para a mãe. Quando ela se negou a atendê-lo, o menino a xingou e ela amaldiçoou o filho. A criança desapareceu no mato e voltou tempos depois, transformada em uma criatura metade onça, metade cachorro, que gosta de subir nas costas do jumento como quem pede colo.
Ui! Para passar o medo dessas histórias, o melhor é partir para a brincadeira!
Fonte: Folha de São Paulo: A repórter Gabriella Mancini viajou a convite da TAM e da Asset (Associação São Raimundense dos Empreendedores de Turismo).
