O rosto do roqueiro Raul Seixas se multiplicou nas camisas do público que ocupou o cinema UCI Orient Iguatemi na noite desta segunda-feira (12).
Fãs de gerações diferentes exibiam a sua admiração pelo pai do rock brasileiro, todos à espera para conferir a pré-estreia do documentário dirigido por Walter Carvalho, “Raul – O início, o Fim e o Meio”.
Exibido em festivais de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba, o documentário que ganhou em 2011 o Prêmio Itamaraty de melhor documentário escolhido pelo público, teve seu lançamento oficial em Salvador, para uma platéia lotada.
Enquanto a fila estava sendo formada, os amigos e parceiros de trabalho de Raul, que formaram o grupo Raulzito e Os Panteras, se encontravam em frente a sala onde seria exibido o filme.
Eládio Gilbraz, guitarrista e vocalista da banda e Mariano Lanat, baixista e vocalista, falaram sobre a iniciativa de se fazer o documentário e a convivência com Raul, com quem tocaram juntos durante aproximadamente quatro anos. “Raul era uma figura brincalhona, apesar de tímido. Lia muito, e era muito inteligente”, lembra Eládio.
Sobre a iniciativa de se fazer um documentário sobre a vida e obra do baiano, fã de Elvis Presley, Eládio comemora: “Achei excelente a iniciativa. O filme deve ter dado muito trabalho, mas eu achei ótimo para um país que não tem memória, ter registrada a figura de Raul.”, comenta.
Para Mariano, que foi o primeiro fundador de os Panteras junto com Raul, o músico foi um grande amigo: “Começamos como amigos, ai iniciamos Os Panteras. Tocamos muito rock juntos”, conta. Para os fãs que pensam que o grupo acabou, Os Panteras continua na estrada, fazendo shows, com mais frequência, no circuito Rio de Janeiro e São Paulo.
Fãs do ‘maluco beleza’
Depois de mais de 20 anos após a morte de Raul Seixas, o músico ainda conserva uma legião de fãs, como Sandra Kowalczuk, 58 anos, mãe do produtor do documentário na Bahia, Felipe Kowalczuk.
Vestida a caráter, com a camisa do filme, Sandra não esconde a admiração por Raulzito. “Aos 13 anos, eu ia a todos os ensaios dele na Associação Atlética da Bahia que acontecia aos domingos. As letras das músicas dele não envelhecem, é para a vida toda, de geração para geração. Passei a minha admiração por ele para os meus filhos e tenho certeza que muita gente fez o mesmo!”, afirma a fã.
A dona de casa Maria José Farias, 43, conheceu pela primeira vez a música de Raul, aos 17 anos, ouvindo na rádio. “Depois que ele morreu, fiquei mais fã ainda. Raul era muito autêntico, e era o cara mais eclético que existia! Até arrocha ele fazia!”, diz Maria José.
Raul é ‘o cruzamento de Elvis com Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro’
Ao todos foram 94 entrevistas para chegar ao produto final de um documentário de 2h de duração, o que não é normal para este tipo de gênero cinematográfico, segundo o diretor Walter Carvalho.
A grande lição que o roqueiro deixou, segundo o diretor, foi ter sido a primeira pessoa a chamar a atenção para “o cruzamento de Elvis com Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro”.
De acordo com Carvalho, a irreverência, o ser libertário e agitador são as características bastante exploradas no filme, e é essa imagem de Raul que será levada para os mais novos que assistirem ao documentário.
“Gerações mais novas falam Tocam Raul!, sem nem às vezes ter ouvido a música dele. O que aproxima o jovem dessa figura é a irreverência mesmo”, diz Walter Carvalho.
Com informações do Correio