A ação ocorreu por volta das 8h desta sexta-feira (20), o carro da reportagem foi parado por 12 homens. Sob a mira de armas, o repórter fotográfico Joel Silva, 46, e o motorista Igor Correia, 25, foram obrigados a sair do veículo e a se deitar na estrada de terra. Os dois foram revistados.
Um dos homens ordenou que os dois não olhassem para o grupo. O equipamento fotográfico foi retirado do carro e inspecionado. Ainda deitado, o repórter foi interrogado pelos homens sobre sua identidade e sobre a razão de estarem na zona de conflito.
Após cerca de sete minutos, os homens trancaram o equipamento no porta-malas do carro da reportagem e mandaram o repórter fotográfico e o motorista deixarem o local rapidamente, reiterando a ameaça de atirar caso olhassem e identificassem os agressores.
Poucos quilômetros depois, o carro foi novamente parado por outro grupo, este de sete homens. Pelo menos um deles carregava uma escopeta. O repórter e o motorista receberam uma nova ordem para deixar o local rapidamente. A ação da milícia armada foi relatada à Polícia Federal.
Em reportagem publicada nesta quinta-feira (19), a Folha relatou a existência de homens armados na fazenda Santa Rita, pertencente ao ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana (DEM). Eles ocupavam uma parede fortificada, com pequenas janelas para encaixar os canos das armas.
Briga histórica
A temperatura do conflito fundiário, que já dura 30 anos, subiu muito nos últimos dias, quando os pataxós iniciaram uma onda de invasões nos municípios de Pau Brasil, Camacã e Itaju do Colônia.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) afirma que desde 1651 os índios pataxós hã hã hãe estão na região do sul da Bahia que hoje é objeto da disputa com fazendeiros.
De acordo com o órgão, o processo para a demarcação da reserva indígena teve início na década de 1920. Mas a partir dos anos 1940 as terras começaram a ser arrendadas para não indígenas.
Durante a expansão do cultivo de cacau no Estado, e principalmente na década de 1970, o governo da Bahia concedeu títulos de posse a fazendeiros da reserva. São esses títulos que a Funai tenta anular no STF (Supremo Tribunal Federal) desde 1982, em ação não julgada até hoje. Informações da Folha com foto ilustrativa.