Enquanto Recife traz o ex-Beatle, Paul McCartney, Los Hermanos, Chico Buarque e projeta a banda U2, Salvador se esbalda no cansaço do axé e do pagode e, quando muda, deixa se embeber pelas ondas do arrocha.
Chico Buarque e Los Hermanos também vêm para Salvador, mas é muito pouco para a terceira maior capital do país, berço da nossa história e de tantas tradições culturais.
Alias, se querem parâmetro, é só observarem o Carnaval e o São João nas duas capitais nordestinas, onde também as diferenças são latentes.
Enquanto nosso carnaval predomina a desorganização e o espetáculo do rico para o pobre aplaudir, no Recife acontece a participação popular, como o Galo da Madrugada, além de o frevo e o maracatu se manterem firmes como referências da cultura popular nordestina.
Isso tudo sem falar que, enquanto Recife se recupera do revés que sofreu nas décadas passadas, quando a chamada Veneza Brasileira perdeu espaço para a própria Salvador e Fortaleza, vimos o nosso Pelourinho cada vez mais abandonado e a programação cultural aquém das suas tradições.
Recife também se renova nas edificações, vai ganhar o maior shoping center do Nordeste, recebe uma grande infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014, inaugura novas livrarias (como a Cultura) e conta com uma vida noturna recheada de grandes eventos.
Além de uma boa agenda cultural, Salvador falta palco, porque, excetuando-se a Concha Acústica do TCA, restam apenas os campos da Paralela. Enfim, ou Salvador toma jeito, ou vamos perder a hegemonia de principal capital nordestina e terceira maior cidade do país. E já.
Por Evandro Matos