Será a primeira vez na realização desse evento que a literatura de outro Estado ganhará destaque numa apresentação mais ampla e específica, com um painel revelador do que é produzido em Sergipe, vizinho ao Norte da Bahia, cuja capital, Aracaju, fica a 310 quilômetros de distância de Feira.
Para fazer uma introdução do que é a literatura sergipana, a 5ª Feira do Livro reunirá em uma mesa redonda, na praça João Barbosa de Carvalho, centro da cidade, a partir das 15h30, três escritores com atuação naquele Estado: Jeová Santana, contista, poeta, professor e doutor em Educação; Ronaldson Souza, poeta, cartunista, designer e crítico de arte, e Jozailto Lima, jornalista e poeta. Jozailto é baiano, mora em Aracaju há 22 anos e, inclusive, foi aluno de Letras da Universidade Estadual de Feira de Santana, uma das mantenedoras da Feira do Livro.
Além de um mosaico do tempo presente, da contemporaneidade, Jeová, Ronaldson e Jozailto farão um perfil do que é Sergipe no aspecto da literatura no contexto nacional também do passado. E terão muito de consistente a dizer. O Estado de Sergipe, embora seja um dos menores do Brasil territorialmente – com 22 mil km quadrados -, sempre teve presença nas letras e na literatura nacionais.
“Bastaria citar a importância de um Sílvio Romero no século 19 para a compreensão da literatura, com seu “História da Literatura Brasileira”, de 1888, para que situássemos bem o Estado”, diz Jozailto. “Ou a contribuição do jurista e filósofo Tobias Barreto, tanto nas letras jurídicas quanto na lírica, com experimentos respeitáveis em poesia”, complementa Ronaldson Souza.
Mas não é só do passado que vive o Estado. “Sergipe tem uma produção literária no tempo presente bem definida. Eu citaria dois nomes que escrevem a partir do Estado, publicam por editoras nacionais e têm boa acolhida na opinião pública e na crítica literária especializada nacionais: Francisco J. D. Dantas, com cinco romances, e Antônio Carlos Viana, com três livros de conto. O primeiro é autor de mão cheia; o segundo, um contista irretocável”, diz Jeová Santana.
Além de falar da produção de Sergipe, os três convidados sergipanos divulgarão obras deles mesmos em lançamento depois das palestras. Os três estão com livros recém-lançados: Jeová, com seu primeiro livro de versos, “Poemas Passageiros” – ele é autor de três livros de contos –; Jozailto, com “Viagem na Argila”, seu quarto livro, publicado este ano, e Ronaldson, com “Litorâneos”.
Os três já ganharam quatro vezes os dois principais prêmios de literatura de Sergipe, o Santo Souza, de Poesia, e o Núbia Marques, de Conto. Jozailto, por duas vezes. Antes da fala desses três autores, o Grupo Concriz, da cidade de Maracás, Bahia, fará uma homenagem à literatura de Sergipe, com uma seleção de textos de vários autores daquele Estado.
“A UEFS sente-se duplamente feliz. Primeiro, por assistirmos ao estabelecimento dessa relação entre a nossa instituição e a literatura da região de Feira de Santana com a literatura feita pelos sergipanos. Estamos sendo pioneiros, e que isso ganhe uma abrangência de região nordestina, com a vinda de outros estados; e segundo, porque estamos sentindo que a Feira do Livro a cada ano ganha em significação e densidade que bem atestam os seus objetivos de fomentar a leitura”, diz o reitor da UEFS, professor José Carlos Barreto de Santana.
A aproximação literária entre Sergipe e Bahia, via Feira de Santana, encontra no professor da UEFS e poeta Roberval Pereyr e no jornalista e poeta Jozailto Lima, dois entusiastas. Desde que saiu de Feira, Jozailto nunca perdeu o contato com a produção cultural feirense, e Pereyr tem sido a ponte para isso.
Em março deste ano, Roberval esteve no lançamento do livro de Jozailto em Aracaju e desde lá discutem a possibilidade de uma caravana sergipana se fazer presente à 5ª Feira do Livro, onde cerca de 70 livros de autores sergipanos estão expostos. “Em verdade, é um projeto que nós, da UFES, gostaríamos de fazer extensivo aos demais Estados do Nordeste. Tomara que Sergipe seja o primeiro da série”, diz Pereyr.