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Nordeste

De Pai pra Filho: Filme sobre Gonzagão chega às telas do cinema em todo o país

Com roteiro de Patrícia Andrade, direção e produção de Breno Silveira, o longa conta de forma emocionante a trajetória de vida do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, a partir de sua relação conturbada com o filho Gonzaguinha.

A trama mostra pai e filho como dois homens de temperamento forte, que amaram o Brasil e viveram intensamente suas paixões. Passaram a vida entre o palco e a estrada. Um era sertanejo tinhoso. O outro, carioca do Morro do São Carlos. Um de direita, outro de esquerda. O filho levou a vida inteira para conquistar o amor do pai. O pai levou a vida para descobrir o filho. Eles se perdem muitas vezes até se conhecerem de verdade.

Em cenários que retratam os contrastes de um país de proporções continentais, a trama costura todas as fases da vida de Gonzagão. Da infância e juventude pobres no sertão pernambucano às aventuras de um adolescente que já seguia os passos do pai Januário, respeitado músico da região.

Após enfrentar um homem poderoso da sua cidade, Gonzaga foge de casa e se alista no exército, onde ganha o mundo. Durante quatro anos, toca valsas, foxtrotes, tangos, choros na zona do baixo meretrício no Rio de Janeiro. Mas apenas quando retorna às suas raízes e relembra as músicas que tocava com o seu pai, com quem aprendeu a arte da sanfona, ele conhece o sucesso e se transforma no rei do Baião.

Na trama, três atores se dividem tanto na interpretação de Luiz Gonzaga como na de Gonzaguinha. Chambinho do Acordeon, Adélio Lima e Land Vieira interpretam Gonzagão. E Julio Andrade, Diancarlo di Tommaso e Alison Santos deram vida ao Gonzaguinha.

“Representar Luiz Gonzaga foi uma coisa muito difícil e chegou a um momento que eu até pensei: será que eu vou conseguir separar o ídolo do intérprete? Tive que pensar no Gonzaga como um personagem, senão não conseguia fazer”, comentou Chambinho, que atua pela primeira vez no cinema.

“Ele deu conta direitinho. O homem canta, toca e ainda conseguiu um nível de atuação bem expressivo para uma pessoa que está iniciando”, garantiu Breno Silveira.

Legado musical

A trilha sonora do filme, que traz grandes clássicos do Rei do Baião, é arrebatadora. A história mostra que a mesma música que uniu e consagrou pai e filho também os distanciou.

Luiz Gonzaga deixou um legado de mais de 600 músicas gravadas, entre clássicos como “Asa Branca”, considerada por muitos o nosso segundo hino nacional. Já Gonzaguinha seguiu carreira independente do pai. Formado em Economia, ele desponta em festivais universitários com composições que refletiam a atmosfera política dos anos de chumbo. Foi autor do consagrado samba “O que é o que é? (E a Vida)”.

Enxertando alguns trechos documentais em meio às cenas fictícias, o filme opta pelo recorte na biografia, explica Breno, como forma de dar a história um caráter mais abrangente que o biográfico.

“Um filme que seja só uma biografia interessante, não é suficiente. Quem dera a gente pudesse viver só dos fãs de Gonzaga. A gente não vive só disso. Cinema é uma coisa muito maior. Tem que atingir várias gerações, fazer sentido para muita gente que nem conhece Gonzaga”, argumenta.

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