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Filme ‘1798 Revolta dos Búzios’ fechou ciclo vitorioso no Circuito Comercial das Salas de Cinemas do Brasil

O filme 1798 Revolta dos Búzios fechou o seu vitorioso ciclo no Circuito Comercial das Salas de Cinemas do Brasil.

Confira o relato do cineasta Antonio Olavo:

“Foram 27 semanas inacreditáveis em cartaz, fato a ser celebrado com muita alegria para um filme nacional, baiano, documentário, de baixíssimo orçamento, com distribuidora baiana e sobre uma história ainda pouco conhecida no Brasil: “Que história é essa? Que história é essa que meu pai não me contou? Meu avô não contou para o meu pai… e meu pai, também não me contou.

Foi uma conquista coletiva e agradeço a tantos por isso. Começando pela Abará Filmes, na pessoa de seu diretor Vitor Rocha, que, com a consultoria luxuosa de Walter Lima, possibilitou que tudo isso acontecesse e o filme voasse mais alto. Agradeço também a toda equipe que a Abará montou (Albenísio Fonseca, Elias Oliveira, Patrícia Rabello, Suelen de Borba, André K e Raimundo Bujão) com o suporte de Thiago Lisboa (Portfolium).

Agradeço também aos exibidores brasileiros e baianos. No Cine Glauber Rocha, onde o filme ficou por 14 semanas, foram muitas sessões em que fui chamado para estar presente e destaco os encontros com estudantes de escolas públicas e cinco antológicas matinês de domingo que levaram quase 500 pessoas a comprarem ingressos. Um agradecimento muito especial ao Circuito de Cinema Sala de Arte, na pessoa de Suzana Argollo, onde o filme ficou as 27 semanas em cartaz, percorrendo todas as suas salas (Paseo, MAM, UFBA e Museu) para, finalmente, no Cinema do Museu e a meu pedido, fazermos a histórica sessão de encerramento com casa cheia, no último dia 01/12. Nossa despedida foi tão bonita quanto a chegada.

O 1798 circulou por 13 capitais e várias cidades do interior do Brasil. Durante estes 6 meses em cartaz, o filme foi aplaudido em muitas sessões. Provocou reflexões, emoções e ampliou a difusão dessa bela e encantadora história do povo negro da Bahia, que pede para ser contada. Somamos forças com o Movimento Negro, Blocos Afros, setores do movimento social, Universidades e outras instituições públicas de ensino, e também historiadores e pesquisadores que estão nessa luta há décadas. Contou também com grande número de ativistas culturais que dedicaram muito do seu precioso tempo na divulgação e chamamento do público. E o público correspondeu, indo assistir e ampliando a difusão no poderoso boca-a-boca: foram 6.198 ingressos vendidos (Fonte: FILME B).

Uma alegria enorme ver tantos jovens assistindo, pagando ingressos ou não, não importa… importa é que alguns milhares de estudantes de escolas públicas assistiram nas salas de cinema e de lá saíram sabendo que no final do século XVIII na Bahia, em pleno regime colonial, monarquista e escravocrata, homens negros levantaram as bandeiras da “Independência do Continente do Brasil”, da proclamação de uma “República Democrática” e da conquista do “Fim da Escravidão”: isso também me deixou muito feliz. Pessoalmente participei de várias dezenas… isso mesmo, várias dezenas de debates após a exibição e foram encantadoras. Quantas emoções…. e me permitam revelar, quantas lágrimas molharam meus ombros ao abraçar pessoas emocionadas após assistir ao filme.

Foi um tempo marcante, “que deixou marcas na memória”. No dia 12 de agosto estávamos no antigo “Sitio do Unhão” com o Cine MAM lotado celebrando o surgimento dos “papéis revolucionários” em 12 de agosto de 1798, portanto há 226 anos: “Animai-vos povo bahiense….”.

E quanta emoção em testemunhar a Sessão Especial do Cine MAM, também lotado, no dia 28 de agosto, o filme então na 14ª semana, pela primeira vez na história um ato em memória de Antonio José, assassinado em 28 de agosto de 1798 na Cadeia Pública de Salvador (subsolos da atual Câmara Municipal de Vereadores). Antonio José é o 1º mártir dessa conspiração republicana e a historiografia tradicional o invisibilizou. Um dos trechos mais belos já escritos na história da resistência à escravidão negra na diáspora, que está nos “papéis revolucionários” de 1798, diz: “A Liberdade é a doçura da vida”. Antonio José, homem escravizado, não pode provar esse gosto.

Viver a experiencia de ver o filme circular nas salas de cinema foi emocionante, embora muito cansativo, pois não é fácil para filmes independentes brasileiros adentrarem e permanecerem certo tempo no mercado exibidor em seu próprio país. Essa é uma triste realidade que somente um enfrentamento corajoso com mudanças estruturantes podem transformar e eu chamo a responsabilidade dos gestores da cultura e da comunicação, na Bahia e no Brasil: precisamos enfrentar essa situação, para o bem do país.

Contudo, certamente que valeu a pena. Carregarei para sempre a honra e a enorme alegria de testemunhar a assistência qualificada de tantas pessoas que não ousaria dizer o nome sob pena de cometer o grave erro de muitos esquecimentos.

Quero muito, na pessoa de Jorge Alfredo Guimarães, agradecer ao apoio recebido dos colegas e amigos do cinema da Bahia, que engrossaram a forte corrente coletiva que carregou esse filme para lugares onde não imaginei. Jorge foi incansável, acreditou mais do que eu e por isso deixo com ele minha gratidão.

Deixo também meus agradecimentos, em nome de Raimundo Bujão, Josias Santos, Raimundo Laranjeira e Thiago Lisboa, a toda equipe técnica do filme, aos admiráveis atores/atrizes que atuaram como narradores adicionais, aos músicos e instrumentistas que trouxeram a suavidade e leveza para o contar de uma história tão dura e cruel (cujo epílogo é o enforcamento de quatro jovens negros) possibilitando que terminássemos o filme com a alma coberta pela bela emoção da digna jornada. Sem nunca esquecer das minhas amadas (Luciene Maria e Mariana Ayana), sempre grato por tudo.

Dedico essa caminhada tão afirmativa à memória de Antonio Luiz Mendes (1946 – 2021), Diretor de Fotografia do filme e um dos maiores fotógrafos do Brasil, que infelizmente nos deixou na pandemia, vitimado pela covid ainda sem vacina de um governo irresponsável.

Encerramos esse ciclo com grandeza, mesmo modo que começamos, em um Novembro Negro com um maravilhoso ciclo de 11 Sessões Especiais com debate sobre “Constitucionalismo Negro e a Revolta dos Búzios”, idealizado e coordenado pelo brilhante prof. da UFBA, Samuel Vida… a quem deixo também minha gratidão”.

Enfim…..são as últimas palavras ditas no filme: Gratidão! Gratidão! Gratidão! (Antonio Olavo)

Fotos: Divulgação

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