A obra foi iniciada de forma despretensiosa. Era só um exercício de retrato, que virou uma vontade de provocar diferentes sensações. A pintura no, entanto, alcançou grande repercussão e dividiu opiniões, entre quem adorou e quem sentiu ofensa na imagem do Papa Francisco ao lado de uma representação do diabo.
Embora seja acusado de servir “banquete ao inimigo”, o autor do grafite afirma que a sua crítica não é à figura no desenho, mas ao que ela representa, em termos de religião.
“Dentre as referências que pesquisei para fazer retratos foi a que mais me chamou atenção pela diversidade de sensações que pode causar. Outras opções foram Jesus e Buda jogando cartas, Bolsonaro e Lula se beijando, por aí vai. É mais sobre o que ele representa, nada pessoal contra o Papa Francisco, até outro dia estava chamando ele de Bento”, contou.
A ‘varandinha’ da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba) foi escolhida por ser um local de fácil acesso e, principalmente, onde os amigos de autor costumam se reunir.
Muito além do ‘gostar’ e ‘detestar’, a pintura incitou críticas quanto ao limite da arte e da crítica social. O autor, no entanto, sente-se como quem cumpriu sua missão. “Sinto que nada pior para um artista do que olharem para sua obra e não vir um pensamento, ou uma sensação, ninguém se importar. Então se causa alguma sensação de alguma forma, considero como missão cumprida”, celebrou.
A ideia, ele contou, era fazer com que as pessoas refletissem sobre o papel da religião, como uma crítica social. “Os fundamentalistas religiosos avançam sem precedentes, estão consolidados no Congresso, trazendo pautas reacionárias, na contramão da ciência, acumulando poder. Do jeito que estamos, podemos nos questionar a respeito da existência de um estado laico no futuro. O propósito da obra é questionar, trazer reflexões, chocar, mas também entreter e encantar”. (Fonte: Jornal Correio).