
A prisão do ex-deputado federal Rubens Paiva completa 54 anos nesta segunda-feira (20/1). O político e engenheiro civil teve o mandato cassado com o golpe militar de 1964, após ele discursar e convocar os estudantes e sindicalistas a resistirem ao regime repressivo, em 1º de abril daquele ano. Após seis anos exilado na antiga Iugoslávia e na França, ele retornou ao país em 1970.
No ano seguinte, ele foi detido, torturado e assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro. A história de Rubens foi retratada no filme Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles — baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre o próprio pai. Na obra cinematográfica, ele é interpretado pelo ator Selton Mello.
Os órgãos de segurança da época afirmavam que Rubens Paiva foi abordado e sequestrado por desconhecidos, dois dias depois de ser preso. No entanto, em março de 2014, o coronel reformado Paulo Malhães, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, confirmou que o ex-deputado foi torturado até a morte. O corpo do engenheiro foi jogado em um rio na região serrana do Rio de Janeiro.
Só 25 anos depois da morte de Rubens, em 1996, a viúva Eunice Paiva conseguiu que o governo brasileiro emitisse o atestado de óbito do marido. A trajetória da advogada e ativista, passando pela própria prisão e a detenção da filha Eliana Paiva, então com 15 anos, também é contada em Ainda Estou Aqui. No longa-metragem, Fernanda Torres vive Eunice — atuação que lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama.
Em publicação no Instagram nesta segunda, a TV Senado destacou que a voz de Rubens Paiva revelou segredos e apontou os responsáveis pela ditadura militar. “Sua história é uma ferida aberta na luta pela democracia e pelos direitos humanos no Brasil”, diz.
O documentário Em Busca da Verdade, produzido pela TV Senado, mostra as principais investigações da Comissão Nacional da Verdade sobre as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura de 1964. A produção aborda casos emblemáticos, como o de Rubens Paiva, destacando as estruturas de repressão e os abusos cometidos pelo Estado brasileiro. (Fonte: Correio Braziliense).
Assista ao documentário: