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Em protesto na cidade de Itiúba, mãe do menino Davi pede revisão de investigação

Amigos e familiares do menino Davi Lima, que desapareceu em 2021 e foi encontrado morto em 2024, em Itiúba, na região do Sisal, protestaram pelas ruas do município, na tarde desta sexta-feira (21), contra o resultado da investigação da Polícia Civil do estado.

Com bolas e cartazes nas mãos e vestindo camisas com frases de protesto, os manifestantes fizeram uma caminhada até o Fórum de Itiúba, nesta sexta-feira. O grupo fez uma oração e a mãe do menino discursou, pedindo apoio do MP-BA para que haja uma revisão na investigação.

“Meu filho não se perdeu na mata, meu filho teve o apoio de todos os meios possíveis da população, do Corpo de Bombeiros, dos cães, helicópteros, caçadores profissionais… a população toda se reuniu para procurar e várias pessoas que eu conversei, pessoas foram nesse local onde foram encontrados os restos mortais dele e não encontraram nada”, contou Lilia Lima, mãe do menino, ao site.

Davi tinha 12 anos e desapareceu enquanto passava as férias com a avó na zona rural da cidade. Durante quase quatro anos, não houve pistas sobre o paradeiro do menino, até que, em novembro de 2024, vaqueiros encontraram a ossada dele em uma fazenda da região.

O inquérito entregue ao Ministério Público baiano (MP-BA) no dia 14 de março apontou que a criança teria morrido por causas naturais, após se perder em uma área de vegetação. No entanto, a família discorda e suspeita que o garoto tenha sido vítima de um crime.

“Eu tenho certeza que aconteceu um crime e depois esconderam o corpo lá. Era algo que não estava ali, que foi colocado ali, entendeu?”, afirmou a mãe de Davi Lima.

Lilia Lima reforçou que as pessoas envolvidas nas buscas pelo filho dela passaram pelos locais onde uma sandália do menino e depois a ossada dele foram encontradas e não viram nada. Somente depois que esses materiais apareceram. O que, para ela, não faz sentido.

Vale destacar que, segundo pontuou o coordenador regional da Polícia Civil (PC) na região, Atílio Tércio, a ossada de Davi foi achada a 3 km de distância do local do desaparecimento do garoto. Segundo o delegado, a região é de difícil acesso, com fendas e despenhadeiros.

O coordenador explicou também que a fazenda não é utilizada nem para a criação de animais, pois o terreno não é apropriado. Os vaqueiros que encontraram a ossada só foram até o local, pois procuravam um boi que havia fugido de um pasto da região.

“Como é que o meu filho iria conseguir andar descalço em lugar cheio de caatinga? Aqui é seco, é nordeste, é espinho, não é mata fechada. Um adulto não consegue andar nem dois metros sem se machucar e deixar sangue, então é impossível meu filho ter chegado nesse local sozinho”, afirmou a mãe.

Justificativas

O coordenador regional informou ao site que a ossada de Davi Lima ainda não foi totalmente encontrada. O que foi achado pelos vaqueiros é parte dos ossos do menino.

Davi Lima Silva, de 11 anos, desapareceu após sair da casa de um tia, em Itiúba, norte da Bahia — Foto: Reprodução/TV São Francisco

A possibilidade, segundo Atílio Tércio, é que o material tenham sido levado pela enxurrada até o local onde foi achado. Ou seja, Davi pode não ter morrido exatamente onde os ossos foram encontrados. Essa possibilidade pode explicar o questionamento feito pela mãe de Davi.

Apesar disso, o coordenador reforçou a impossibilidade de algum crime estar associado ao desaparecimento do garoto. Conforme detalhou o delegado, ao longo das investigações e com a análise do material, não foram encontradas evidências de sequestro, violência ou ação dolosa de terceiros.

O caso segue com o MP-BA, que avalia se aceita o inquérito ou pede novas investigações. Ainda não há um prazo para um parecer do órgão sobre isso.

Relembre a cronologia dos fatos

Davi Lima desapareceu no dia 28 de março de 2021, no quarto dia de viagem com os pais. Lilia, que trabalha como fotógrafa, foi contratada, em Itiúba, para fazer um ensaio com um casal;

A mãe do garoto deixou o filho com a irmã e voltou em menos de duas horas, mas Davi já tinha desaparecido;

Logo após descobrir que o filho tinha sumido, os pais, vizinhos e familiares começaram as buscas. Lilia e o marido, Edson Alves, procuraram incessantemente pelo garoto, em uma área de mata, mas não encontraram;

Dias após o desparecimento, uma equipe do Corpo de Bombeiros, além de cães farejadores e helicópteros, também foram ao local, mas apenas a sandália que Davi usava foi achada;

No entanto, os bombeiros deduziram que a sandália do menino foi implantada no local. Primeiro porque várias pessoas passaram por lá antes e não viram. Também porque os cachorros foram até a sandália e voltaram, apontando que o cheiro de Davi não prosseguia para a mata.

Na época, a polícia relatou aos pais do garoto que o provável é que Davi tinha sido sequestrado entre a casa da irmã de Lilia e da mãe dela, que é menos de 300 metros.

Durante três anos, não houve novidade sobre o menino desaparecido.

Em novembro do ano passado, restos mortais foram localizados por vaqueiros em uma área de difícil acesso em um povoado na zona rural da cidade.

Em janeiro deste ano, a polícia confirmou que o material era de Davi.

Na terça-feira, a polícia informou que concluiu o inquérito em 13 de março e divulgou os esclarecimentos sobre o caso.

Após a conclusão do inquérito, o procedimento foi encaminhado ao Poder Judiciário em 14 de março, para avaliação e manifestação do Ministério Público. (Fonte: G1 BA).

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