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Venezuelana Maria Corina Machado é vencedora do Nobel da Paz

Corina Machado agradece Trump em 1º declaração após receber Nobel da Paz

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Líder da oposição na Venezuela foi laureada nesta sexta (10). Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo, disse reconhecer sua defesa pacífica da democracia e dos direitos humanos em meio à crise política no país.

Na primeira declaração direta após receber o Nobel da Paz de 2025 nesta sexta-feira (10), a líder da oposição venezuelana María Corina Machado dedicou a premiação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao povo venezuelano.

Corina também afirmou que a premiação é um “impulso para concluir nossa tarefa” de derrubar o regime de Nicolás Maduro.

“Eu dedico este prêmio ao sofrimento do povo venezuelano e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa!”, escreveu Corina em suas redes sociais após o anúncio da premiação.

Já o governo de Donald Trump, também em sua primeira publicação sobre a laureada, não parabenizou Corina pela premiação e criticou o Comitê do Nobel.

“O Comitê do Nobel provou que eles colocam a política na frente da paz”, disse o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung.

O governo dos Estados Unidos tinha expectativa de que Trump levasse o Nobel da Paz, e o próprio presidente norte-americano disse que ele merecia a premiação por supostamente resolver conflitos globais.

No entanto, em uma carta endereçada aos venezuelanos, Corina não mencionou o presidente norte-americano. E disse aceitar a premiação em nome do povo da Venezuela.

“Com profunda gratidão, aceito a honra de receber o Prêmio Nobel da Paz, que o Comitê Norueguês me confere, e que recebo em nome do povo da Venezuela, que tem lutado pela sua liberdade com coragem, dignidade, inteligência e amor admiráveis”, disse Corina no documento.

“Este respaldo imenso mostra que a comunidade democrática mundial entende e compartilha da nossa luta. É um firme chamado para que a transição para a democracia na Venezuela se concretize de forma imediata”.

Carta da opositora venezuelana María Corina Machado após receber o Prêmio Nobel da Paz, em 10 de outubro de 2025. — Foto: Reprodução/ Redes sociais

“Este imenso reconhecimento à luta de todos os venezuelanos é um impulso para concluirmos nossa tarefa: conquistar a liberdade. Estamos no limiar da vitória e, hoje mais do que nunca, contamos com o presidente Trump, com o povo dos Estados Unidos, com os povos da América Latina e com as nações democráticas do mundo como nossos principais aliados para alcançar a liberdade e a democracia. A Venezuela será livre!”.

A fala foi uma referência à disputa que a oposição trava contra o regime de Nicolás Maduro desde as eleições de 2024, quando o presidente se reelegeu sem apresentar atas eleitorais e com a instrumentalização de todas as instituições do governo venezuelano, como a autoridade eleitoral, o Congresso e o Tribunal Supremo de Justiça.

Corina Machado afirma que o candidato que representava a oposição, Edmundo González, venceu a eleição com ampla margem e diz ter as atas eleitorais para comprovar. Desde então, a opositora busca ascender ao poder na Venezuela.

Ela ainda vive escondida na Venezuela desde que contestou o resultado das eleições. O resultado não é reconhecido internacionalmente.

Mais cedo, durante uma conversa com o diretor do Instituto Nobel, que ligou para Corina Machado antes do anúncio oficial para informar sobre o prêmio, a opositora venezuelana disse achar que não merecia a premiação.

“Estou honrada e muito agradecida”, disse ainda a venezuelana. “Ainda não chegamos lá, mas esta é certamente o maior reconhecimento para o nosso povo”.

A líder opositora venezuelana foi reconhecida “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”, segundo o Comitê do Nobel. O prêmio totaliza 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões).

‘Uma das vozes mais corajosas da América Latina’

Segundo o Comitê Norueguês, María Corina Machado foi escolhida por representar “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.

O texto do comitê descreve a opositora como uma figura unificadora em um cenário político antes fragmentado, capaz de reunir grupos rivais em torno da defesa de eleições livres e da restauração do Estado de Direito.

“A democracia é uma condição prévia para a paz duradoura. Quando líderes autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os defensores da liberdade que se erguem e resistem”, destacou o comunicado.

Machado é fundadora do movimento Súmate, criado há mais de 20 anos para fiscalizar eleições e promover o voto livre no país. Ela se tornou símbolo da resistência ao regime de Nicolás Maduro, enfrentando perseguições, bloqueio de candidatura e ameaças à própria vida — mas, mesmo assim, decidiu permanecer na Venezuela.

“Ela manteve-se no país, mesmo sob grave risco, inspirando milhões de pessoas”, diz o comitê.

Foto de arquivo: Maria Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, discursa para apoiadores em protesto contra posse de Maduro para um terceiro mandato, em Caracas, em 9 de janeiro de 2025. — Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/Foto de arquivo

Democracia sob repressão

A entidade lembrou que a Venezuela, antes considerada uma democracia estável, mergulhou em uma crise humanitária e econômica sob um regime “brutal e autoritário”.

Segundo o texto, o país enfrenta pobreza extrema, êxodo de mais de 8 milhões de pessoas e repressão sistemática à oposição, com fraudes eleitorais, prisões e censura à imprensa.

Em 2024, Machado foi impedida de disputar as eleições presidenciais, mas apoiou Edmundo González Urrutia, candidato da oposição unificada.

Centenas de milhares de voluntários se mobilizaram como observadores para proteger os votos, mesmo sob risco de detenção e tortura. O comitê destacou que “os esforços da oposição foram inovadores, corajosos, pacíficos e democráticos”.

‘Os instrumentos da democracia são também os da paz’

O Comitê Norueguês afirmou que Machado cumpre os três critérios estabelecidos por Alfred Nobel para o prêmio: promover fraternidade entre nações, reduzir a militarização e trabalhar pela paz.

“Ela demonstrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz. María Corina Machado personifica a esperança de um futuro em que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam protegidos e suas vozes ouvidas”, concluiu o comunicado.

Nobel da Paz

Pelo testamento de Alfred Nobel (1833-1896), o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz.

O ano foi marcado por uma intensa campanha para que o presidente dos EUA, Donald Trump, receba a honraria, capitaneada pelo próprio republicano. Entenda por que Trump não venceu o prêmio.

Entre os nomes apontados como favoritos ao prêmio neste ano estavam o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), as Salas de Resposta de Emergência do Sudão e a ONU, que completou 80 anos neste ano.

De ‘mercador da morte’ a promotor da paz

Nobel foi um químico, engenheiro e inventor sueco. Considerado brilhante, ele fez fortuna com a venda de explosivos, incluindo sua invenção mais famosa, a dinamite, tanto para exércitos quanto para empresas de mineração.

Não é possível saber por que ele decidiu criar o famoso prêmio para a promoção da paz: Nobel estabeleceu a honraria em testamento e, sendo introvertido e solitário durante boa parte da vida, não forneceu explicação para sua escolha.

O que se sabe, é que, oito anos antes de morrer, Alfred deve ter se surpreendido ao abrir um jornal francês e dar de cara com seu próprio obituário — quem havia morrido era seu irmão, Ludvig, mas a publicação se confundiu.

“O mercador da morte está morto”, dizia o texto, em referência a Alfred.

Há biógrafos que contestam essa versão e creditam o Nobel da Paz à intensa amizade com a pacifista austríaca Bertha von Suttner.

Noruega, e não Suécia

Pela vontade de Alfred Nobel expressa em seu testamento, o Nobel da Paz é o único Nobel a ser entregue na Noruega, e não em sua Suécia Natal.

Entre 1814 e 1905, Suécia e Noruega constituíam um reino unido sob o mesmo monarca e o mesmo corpo diplomático, embora permanecessem Estados distintos, com constituições, leis e até forças armadas separadas. A dissolução foi realizada de forma pacífica.

O Comitê Norueguês do Nobel é formado por cinco membros, todos indicados pelo Parlamento norueguês para um mandato de seis anos. A cerimônia de entrega é realizada em Oslo — desde 1990, na prefeitura da capital.

O evento de entrega ocorre todo dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred, e a medalha é entregue pelo presidente do Comitê. É comum o rei da Noruega estar presente na solenidade.

Por G1

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