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Rombo dos Correios cresce sem que o governo dê resposta à altura

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Governo ainda não deu uma resposta à crise dos Correios com a gravidade que precisa. Ao apresentar as contas bimestrais ontem, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, confirmou que o governo está negociando um empréstimo, com garantia do Tesouro, para a estatal e pediu um plano de reestruturação. Admitiu que no ano que vem o rombo dos Correios será maior.

Se o empréstimo bilionário não for pago pela empresa, será pago por todos nós, os contribuintes. Essa situação é grave demais para reação tão suave. O prejuízo dos Correios aumentou o resultado negativo das estatais como um todo. O rombo previsto para as estatais era de R$ 6,2 bilhões e chegou a R$ 9,2 bilhões — R$ 3 bilhões acima da projeção — o que levou ao contingenciamento de recursos para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano. E, quando se fala em estatais, é importante lembrar que nem todas entram na conta: a Petrobras, por exemplo, está excluída por não ser dependente do Tesouro. É uma empresa de capital aberto, com outra lógica. Mas o fato é que as estatais dependentes do Tesouro estão sangrando os cofres públicos.

Os Correios tiveram prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre. É uma situação gravíssima, e a maneira como o governo está lidando com isso é calma demais. Não se vê uma reação à altura da gravidade do problema. Pelo contrário: o governo afirma estar negociando um empréstimo de R$ 20 bilhões com aval do Tesouro. Além disso, o governo diz ter solicitado ao presidente dos Correios um plano para enfrentar a dificuldade. Mas, e se esse plano não vier? Ou se vier fraco? Não há, até agora, uma reação proporcional ao problema.

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O próprio secretário-executivo da Fazenda já disse que o ano que vem será pior. E o governo segue nessa inércia diante de uma empresa que acumula prejuízos crescentes. Isso é muito preocupante. É preciso examinar, uma a uma, as demais estatais deficitárias. Empresa estatal não pode acumular prejuízos seriais — ou não faz sentido mantê-la, a menos que cumpra uma função essencial da qual não se possa abrir mão. Esse argumento pode ser usado no caso dos Correios. Mas é realmente essa a única maneira de garantir que correspondências e mercadorias cheguem a áreas remotas do país? Manter uma estatal cujo prejuízo cresce ano após ano?

Há analistas que falam das contas públicas como se o país estivesse às vésperas do colapso fiscal. É exagero. O resultado do ano será melhor do que os dos anos anteriores e governos anteriores. Mas a situação é preocupante porque a dívida pública é alta e continua crescendo sem horizonte de estabilização. As contas não são tão graves quanto alguns críticos dizem, nem boas como o governo afirma.

Quem resumiu bem esse quadro foi a ministra Simone Tebet, ao afirmar ontem que “o governo do presidente Lula andou mais lentamente do que precisávamos em reformas fiscais”. Ela tem razão.

Fonte: O Globo/Por Miriam Leitão

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