Esta tem sido uma Copa que tem acontecido de tudo, mas uma pena que quase tudo do lado negativo. Diria logo, que, se alguém vencê-la, será o sucesso do medíocre, salvo se Messi avançar mais um pouco e deslumbrar junto com a Argentina, ou se a Alemanha mostrar que deixou de ser uma máquina robótica para parecer com os brasileiros da era anti-Dunga.
Do Brasil, que sempre se espera muito, há de se contentar que o melhor da nossa seleção tenha ficado por cá e do outro lado do Atlântico, num contraponto ao dunguismo cheio de volantes sem rumo: Felipe Melo, Gilberto Silva, Josué, Júlio Batista, Kléberson, o que é isso mesmo?
Bobagem! Estamos vencendo. Verdade, mas, às vezes, sem merecer, dando margem à possibilidade do sucesso do medíocre. De qualquer forma, é bom lembrar que estamos enfrentando adversários de terceira categoria e, somente agora, com a Holanda, vamos enfrentar um melhor, talvez de segunda. Porque tranco, mesmo, aguentam a Argentina (se não amarelar) e a Alemanha (se tiver preparada), mas estão do outro lado.
Aliás, esta é mesmo a Copa que o sucesso do medíocre possa triunfar. Se não melhorar agora, nas Quartas de final, 1994 vai deixar saudade. Goleiros fracos e frangueiros, zagueiros ruins, nenhum atacante fabuloso, nenhum cracasso, nenhuma grande revelação. Tirando Messi, que é, até aqui, disparado, o melhor jogador da Copa, nada de deslumbrante.
Nenhuma revolução tática, nenhuma seleção para encantar o mundo, como fizeram a Hungria em 1954, o Brasil em 1958, 1970 e 1982, e a Holanda em 1974.
Para completar, boa parte dos craques ficou fora da Copa por contusão, outros entraram a meio pau e outros foram preteridos pelos técnicos. Até mesmo as surpresas, como Ramires, que entrou mostrando ao Dunga que nem o que ele leva sabe usar corretamente, pôde dar seqüência. Cristiano Ronaldo? Kaká? Drogba? Xabi Alonso? “Nós ainda vai ver”
Há, ainda, a decepção das seleções tradicionais como a Itália e a França, a involução do futebol africano, os erros gritantes das arbitragens, e os espaços vazios nos estádios.
Enquanto isso, o mundo inteiro parado, concentrado na Copa, numa expectativa imensamente superior à sua realidade. Milhões e milhões de dinheiro torrados pela FIFA, milhares de jornalistas credenciados, veículos e mais veículos de comunicação transmitindo, milhões de aparelhos de TV trocados para ver um futebol cada vez mais medíocre.
Enfim, para não falar só da possibilidade do sucesso do medíocre, voltemos aos lampejos do Brasil, da única boa jogada de Maicon, da única de Robinho (e mesmo assim serem eleitos os melhores em campo pela Fifa). Como ficou fácil fazer sucesso!
Mas, falando sério, ainda vale a pena ver o Messi jogar, ver jogos Alemanha e Inglaterra e esperar Alemanha e Argentina. E, apesar de Dunga e dos seus herdeiros, Brasil e Holanda.
Certamente, se o futebol não aprontar mais uma, teremos uma final entre Brasil x Argentina (ou Alemanha). Mas, antes, precisaremos combinar com a Holanda e, eles, com a Espanha.
Caso a decisão aconteça entre Brasil e Argentina, e vencermos com um gol dos volantes de Dunga, a bola explicará porque no futebol, como na tv, também acontece o sucesso do medíocre. “É o fim das epa”, profetizava corretamente dona Tereza de João, vizinha lá de casa.
Por Evandro Matos