Contudo, a entrevista foi concedida na manhã de quinta-feira (16), no programa “Bom Dia Feira”, na Rádio Princesa FM. Segundo Dilson Barbosa, “uma das melhores entrevistas feitas”.
Durante mais de uma hora, Ronaldo fez um balanço sobre sua trajetória política neste ano de 2010, quando teve mais de um milhão de votos para o Senado nas eleições de outubro. Voltou a agradecer a “votação maravilhosa” que obteve em Feira de Santana e em outras cidades.
Disse que “não me arrependo” por ter feito a opção pela candidatura a senador. “Foi uma decisão pessoal, pensada, amadurecida, alimentada, que resultou numa experiência gratificante”, afirmou. Como se sabe, José Ronaldo poderia ter optado em disputar a Câmara dos Deputados e ter uma eleição garantida.
Ele também tratou sobre a questão nacional e o cenário político configurado. Falou que “44% dos brasileiros, um número expressivo, não concorda” com o que está aí, o governo petista.
Governo Tarcízio Pimenta
José Ronaldo foi questionado e respondeu com sobriedade sobre o governo Tarcízio Pimenta, avaliando os dois anos, que estão sendo completados pelo seu sucessor. Iniciou falando sobre a opção pela área de informatização empreendida pelo Governo Municipal com a implantação do Programa Saúde Digital, “conduzido com muita força e mídia”. Para José Ronaldo, “não é uma área que dê abrangência maior. Tem conteúdo, importância, mas o cidadão não enxerga”.
Reconheceu que o governo “tem pontos positivos”, que o prefeito “gosta do trabalho, da luta, tem vitalidade”. Completou que “tem suas dificuldades, poucos recursos e isso atrapalha”.
Segundo José Ronaldo, a Prefeitura de Feira de Santana é pobre e comparou o orçamento municipal com outras cidades do mesmo porte que têm orçamentos dobrados e até quintuplicados. “Ele (Tarcízio) tem feito a sua parte, trabalhando muito, superando as dificuldades, encontradas também em outras cidades. A questão não é local, é global”, afirmou.
Ronaldo também respondeu sobre “continuidade” e “terceiro mandato”, pois “quase a totalidade dos seus secretários continua no governo”, como questionou Dilson Barbosa. Ele garantiu que “não tenho informação do mundo administrativo do governo”.
O democrata admitiu que alguns secretários que foram do seu governo continuam com Tarcízio, mas que não interfere na administração. “Nenhum secretário sentou comigo e não tem por que sentar. Cada pessoa tem o seu temperamento, sua maneira de ser. Aprendi uma coisa: só externo minha opinião quando consultado. Sou ético, eles são éticos, aprendi a respeitar”, frisou.
Ele até fez um paralelo com a situação da presidente eleita Dilma Rousseff com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a formação do Ministério.
“Gostaria de ser consultado?”, perguntou Dilson Barbosa. “Não tenho o direito. Não trabalho para isso. É uma questão de iniciativa do prefeito e não da outra parte. Tarcízio é o prefeito eleito pelo povo de Feira de Santana. A condução é dele”, respondeu.
José Ronaldo ainda afirmou que nesses dois anos esteve apenas por três vezes na Prefeitura, convidado para solenidade de assinatura de um convênio e em visitas de diretoria da Comunidade Andina de Fomento e de dirigentes da empresa Via Bahia.
Sobre os dois anos restantes de mandato de seu sucessor, José Ronaldo falou que “desejo o melhor possível”. Disse que “ele está realizando mudanças, transformações, tomando decisões e posições para enfrentar as turbulências”.
Situação partidária
Sobre divergência interna no Democratas, ele confirmou que existe, com o grupo de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, e o grupo de Rodrigo Maia, deputado federal do Rio de Janeiro.
“São muitas as conjecturas que surgiram após as eleições. Cada um diz uma coisa. É um debate para ser resolvido no campo interno, que extrapolou de forma equivocada”, opinou.
Em fevereiro de 2011, José Ronaldo disse que vai a Brasília para “me envolver no processo, ouvir, conversar e tomar decisão”.
Finalizando, também tratou sobre a eleição para a Mesa Diretiva da Câmara Municipal de Feira de Santana, realizada na última quarta-feira (15). Ronaldo contou que “acompanhei o processo pela mídia sem me envolver”.
Com reprodução de Oliveira Dimas