Ciro Gomes (PSB) não será ministro do Governo Dilma, a começar no dia 1º de janeiro, por estar determinado a ser novamente candidato à Presidência da República. E para alcançar o seu objetivo está hoje convencido de, sem ocupar cargo público que lhe imponha obediência e a disciplina inibidora de suas ações, o caminho estará mais aberto para tal desiderato.
Ciro, sem dúvida, guarda decepções do último processo eleitoral, no plano nacional. O fato de ter ficado muito ligado ao presidente Lula, por ser seu ministro, cometeu erros que prejudicaram a trajetória antes traçada. A mudança do seu domicílio eleitoral de Fortaleza para São Paulo foi um deles.
O PSB, apesar dos pronunciamentos públicos, dele e de outros aliados, não lhe é mais confiável. A posição adotada pela direção nacional de subserviência ao presidente Lula, para negar-lhe o direito de disputar a Presidência da República, o deixou profundamente frustrado.
E com razão, posto que, se o partido cresceu na disputa deste ano, apoiando a candidatura de Dilma, maior teria saído do pleito com um candidato próprio à sucessão de Lula, pois é isso que tem acontecido com as agremiações que disputam os cargos majoritários com candidatos dos próprios quadros.
Razões
Longe do burburinho da montagem do novo Governo e conversando apenas com o irmão, governador Cid Gomes, Ciro deve ter refletido sobre a necessidade de consolidar um espaço próprio para suas futuras investidas no cenário nacional, incluindo-se, nesse universo, um partido, para evitar os constrangimentos experimentados neste ano, com a cúpula do PSB.
Como se não bastassem as pretensões futuras, Ciro, de certa forma, estava impedido de ser ministro do Governo Dilma. Foi dele a afirmação pública de que José Serra (PSDB), o principal adversário de Dilma, era mais competente para presidir o País. O fato de ter se engajado, mesmo timidamente, na campanha da petista não deve ter mudado a sua avaliação.
Ciro, antes do início da campanha, em mais de uma oportunidade, advertiu para as dificuldades econômicas no próximo ano, reclamando ações enérgicas do governante, tanto no campo da administração como do político. E neste, a composição montada para a eleição e a chamada governabilidade não são otimistas. Como outros brasileiros, possivelmente ele deve pensar que o ministério anunciado seja apenas para o início da gestão da nova presidente.
Há quem argumente que Leônidas Cristino, ainda prefeito de Sobral, como secretário dos Portos é o Ciro no ministério de Dilma e em uma pasta de significação menor. Não. Leônidas é sim um dos quadros com que conta Ciro, mas sua indicação para o novo cargo, antes de ser uma conquista política para o PSB do Ceará, é apenas um gesto de delicadeza para com a nova presidente.
Grosseria
Todas as informações e a demora no anúncio dos ministros filiados ao PSB dão bem a demonstração do interesse da presidente em ter Ciro ou alguém por ele indicado, no primeiro escalão do Governo.
Não apresentar um nome para atender a essa atenção demonstrada por Dilma, não apenas seria uma grosseria inominável da parte dele, como, uma declaração de rompimento com um Governo nascente que ainda pode, em muito, ajudar o Estado do Ceará.
Ademais, a atenção recebida pelo governador Cid Gomes da presidente Dilma, causadora de uma certa ciumada na cúpula nacional do PSB, inclusive no governador pernambucano, não permitia a desfeita da não indicação de um dos seus aliados para compor o ministério.
Informações do Diário do Nordeste