Seis assaltantes chegaram até a casa do gerente administrativo, Rivadávia Rocha Santana, 34 anos, na Travessa Joaquim Hortélio quando ele se preparava para sair e anunciaram o assalto.
Depois de permanecer um tempo na residência, inclusive, agredindo o bancário com um soco no nariz, eles o fizeram levar, em seu Citroen C4, prata, placa JRA-5696, licença de Salvador, até a casa do tesoureiro e gerente substituto, Epaminondas Pereira de Souza, 58 anos, na Rua Manoel Paes, também no centro da cidade de Serrinha, onde renderam todos os familiares que encontraram no momento e os que iam chegando, sem que os vizinhos percebessem.
Colocaram todos em um quarto e, após a meia noite, passaram a frequentar a cozinha da casa para fazerem comida e aproveitaram também o que sobrou do meio dia para se alimentar.
Conforme apurou a reportagem do Interior da Bahia, por volta das 4h da manhã chegaram mais dois bandidos em um veículo não identificado que foi usado na fuga.
Eles usaram o Vectra, preto, placa JOK-6457, licença de Irecê, pertencente ao genro do tesoureiro, que estava na garagem, para circular na cidade, pois se trata de um carro conhecido. Foram até um posto de combustível, não identificado, abasteceram o veículo e em seguida usaram na fuga por volta das 4h 25min.
A babá, Maria Vitória, que foi levada e liberada em Ribeira do Pombal, chegou para trabalhar por volta das 6h e foi rendida e informada pelos assaltantes do que se tratava. Outra empregada da casa que chegou depois foi dispensada do serviço por Epaminondas que os bandidos orientaram para dizer que a família tinha viajado e que ela só precisava vir no dia seguinte.
Negociação delicada com os bandidos
De acordo com Epaminondas, quando o dia amanheceu ainda permaneceram na casa e ordenaram que ele e o colega subtraíssem o dinheiro no banco para, em troca, liberarem a família que estava sendo ameaçada de morte caso não fizessem o que eles estavam mandando. “Saímos como se nada tivesse acontecendo, seguindo exatamente as instruções deles”, frisou o tesoureiro. Isto aconteceu por volta das 8h10min.
Os dois abriram o cofre e subtraíram a quantidade de dinheiro que pode ser retirada (não revelada), depois colocaram em caixas e passaram para os assaltantes.
Segundo Epaminondas, os ladrões, informaram que não queriam nada deles, só o dinheiro do banco e que ele seguisse as orientações se quisesse que a família continuasse viva após o episódio. Após ter a certeza de que todos os familiares estavam bem, o bancário se emocionou e informou que os assaltantes levaram a sua esposa, 3 filhas, dois genros, dois netos e uma netinha de apenas 3 semanas de vida.
Ao serem liberados no posto Preço Bom, em Capim Grosso, na saída para Senhor do Bomfim, a 125 quilômetros de Serrinha, os bandidos ainda deram 50 reais para abastecerem o carro. Os nove reféns vinham retornando todos no Vectra até o encontro com a viatura da Polícia Militar de Serrinha que foi encontrá-los.
Alarme falso: gerentes não foram seqüestrados
Os dois gerentes não foram levados, como foi noticiado por toda a imprensa. Ficaram na região e foram informados pelos assaltantes que os reféns tinham sido liberados em Ribeira do Pombal. Dirigiram-se até esta cidade e perceberam que se tratava de alarme falso. Ainda em Ribeira do Pombal, receberam uma ligação informando que a família tinha sido liberada.
A babá Maria Vitória, sim, foi deixada em Ribeira do Pombal e os meliantes ainda lhe deram o dinheiro da passagem para retornar para Serrinha de ônibus.
Segundo o Capitão PM, Agassiz Sampaio, foram montadas barreiras em toda a região, mas não conseguiu prender nenhum dos bandidos.
De acordo com o Coordenador da 15ª Coorpin, Dr. Pithon, a polícia tomou conhecimento do assalto através da segurança do banco, por volta das 8h15min. Ele informou que foram usados 4 veículos na fuga, 2 dos assaltantes (um Fiesta e um Gol, todos prata) e dois da família.
Ele declarou que já tem pistas de onde pode ter vindo o grupo, que segundo Epaminondas tem sotaque sulista, mas prefere manter o sigilo para não atrapalhar nas investigações.
Por Cival Anjos – de Serrinha, especial para o Interior da Bahia