Durante visitas a diversos municípios paulistas, deputados estaduais receberam denúncias de que usineiros estão incentivando o uso do crack entre os cortadores.
O objetivo é aumentar a produtividade do trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar, já que, em alguns locais, a jornada estende-se por até 14 horas, sem interrupções.
Segundo o deputado Donizete Braga (PT) que revelou esta prática no relatório produzido pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, ”o problema é gravíssimo, porque jovens com idade entre 16 e 25 anos representam 57% dos usuários da droga em São Paulo”.
Para Daniel Adolpho Assis, advogado do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, ”a situação é resultado da disseminação do crack no interior e faixa litorânea do país e, infelizmente, os jovens são as maiores vítimas da superexploração do trabalho”.
O advogado adverte que, “ainda não foi exterminado o trabalho forçado e o trabalho escravo propriamente dito no Brasil. Há muita gente que ainda morre por exaustão. Ou seja, por efeito negativo e danoso na saúde a partir da exploração do trabalho”.
O crack vem para anestesiar, sendo uma droga potente e extremamente aditiva, que causa dependência rapidamente. O uso crônico provoca perda de peso e aumenta o risco de infecções. O usuário pode apresentar quadros de psicose, agressividade, paranóia e alucinações, explicam especialistas.
Além disso, Daniel Assis lembra que “o crack é consumido no mesmo percentual que o álcool em municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes. Apenas 12% dessas localidades recebem recursos federais para programas de enfrentamento ao problema.
Já os repasses estaduais chegam em apenas 5% dos municípios. Uma pedra de crack pode ser comprada por até R$ 2″. É a mais barata de todas as drogas.
Paulo Peres – Jornal Tribuna da Imprensa Online